Efeito do Treinamento Físico Aeróbio na Reatividade Vascular das Artérias Ilíaca em Modelo Experimental de Aterosclerose
Por N. F. Garcia (Autor), D. M. Guizoni (Autor), C. de Moraes (Autor), M. A. Delbin (Autor).
Resumo
O sedentarismo e maus hábitos alimentares tem resultado em aumento da incidência de morbidade e mortalidade em decorrência de doenças cardiovasculares. A gênese e a progressão da aterosclerose estão relacionadas à disfunção endotelial que é caracterizada por redução do relaxamento dependente do endotélio devido à menor biodisponibilidade do óxido nítrico. Assim, é necessário investigar os mecanismos pelos quais as artérias desenvolvem aterosclerose e como o exercício físico poderia interferir neste processo. Para isso, camundongos wild-type (C57BL/6J) e camundongos knockout para o receptor do gene LDL foram divididos em quatro grupos: wild type sedentário (WT), wild type treinado (WT/Ex), knockout sedentário (KO) e knockout treinado (KO/Ex). Os animais receberam dieta padrão (Nuvilab®) e realizaram treinamento físico cinco vezes por semana, uma hora por dia, intensidade correspondente 50-60% da capacidade máxima, por 4 semanas. A reatividade vascular foi avaliada por meio de curvas concentração-efeito aos agentes relaxantes, acetilcolina (Ach) e nitroprussiato de sódio, e contráteis, fenilefrina e U46619 (análogo do tromboxano A2) em anéis de artéria ilíaca de 2 mm de comprimento montadas em sistema de tecido isolado (Model 610M, DMT A/S, Aarhus NA-Dinamarca). Amostras de sangue foram coletadas para obtenção de plasma utilizado para a realização de dosagem do colesterol total (CT) e dos triglicerídeos (TG) por método enzimático-colorimétrico utilizando kit específico (KATAL, MG-Brasil). Foi realizada análise de variância (ANOVA one-way) e pós teste de Bonferroni (p<0,05) utilizando o programa Graph Pad Prism 5.0 (GraphPad Software, CA-EUA). Os resultados mostram que o grupo KO apresentou concentração CT e TG aumentada (260±31,0 e 151±17,7 respectivamente) comparado ao grupo WT (86,8±14,9 e 56±5,2 respectivamente) e o treinamento físico não foi efetivo para prevenir este aumento. Os experimentos de reatividade vascular mostram que houve redução de 30% na resposta máxima ao agente relaxante ACh do grupo KO (62,8 ± 9,8%). Por outro lado, o exercício físico preveniu parcialmente este declínio e o grupo KO/Ex apresentou redução de 15% na resposta à ACh (77,4 ± 6,3%). A potência da droga não foi diferente entre os grupos WT e KO, contudo, o grupo KO/Ex apresentou aumento de 10 vezes na sensibilidade à ACh. Não foram observadas diferenças nas respostas máximas ao agente relaxante endotélio independente SNP, no entanto, o grupo KO apresentou redução de 8 vezes na sensibilidade a este agente e o exercício físico reverteu completamente este declínio. Para os agentes fenilefrina e U46619 não houve diferença entre os grupos. Em conclusão, o modelo de aterosclerose utilizado apresentou redução da resposta endotélio dependente e o exercício físico por 4 semanas foi eficaz em prevenir parcialmente este declínio, no entanto, este protocolo de exercício não foi eficaz para prevenir a dislipidemia no grupo KO.