Resumo
Estudos apontam que a obesidade experimental por 15 semanas promove disfunção miocárdica associada às modificações na função do canal de Ca+2 tipo L, principal responsável pelo influxo de Ca+2 para o citosol e gatilho à ativação do trânsito de Ca+2 intracelular. Estudos propõem que o treinamento físico aumenta a sensibilidade dos miofilamentos ao Ca+2 e melhora a função das proteínas envolvidas no trânsito de Ca+2 miocárdico. O objetivo do estudo foi avaliar o efeito do treinamento físico sobre a atividade dos canais de Ca+2 tipo L miocárdico de ratos obesos. Foram utilizados ratos Wistar machos, os quais foram distribuídos em grupos controle (C; n= 40) e obeso (Ob; n= 40). Os ratos C receberam dieta padrão e os Ob um ciclo de dietas hiperlipídicas insaturadas. Após a indução (5 semanas) e a exposição (15 semanas) à obesidade, os ratos foram redistribuídos em mais dois grupos (20a semana). Assim, o estudo foi composto pelos seguintes grupos experimentais: controle (C; n= 12), controle submetido ao treinamento físico (CEx; n= 14), obeso (Ob; n= 10) e obeso submetido ao treinamento físico (ObEx; n= 11). Os perfis nutricional e metabólico, a pressão arterial, as características morfológicas cardíacas e a função miocárdica foram avaliados. O exercício físico diminuiu o peso corporal (Ob: 622 ± 48; ObEx: 553 ± 47 g; p<0,01), a gordura corporal (Ob: 57 ± 3,1; ObEx: 29,4 ± 3,0 g; p<0,01) e o índice de adiposidade corporal (Ob: 9,2 ± 0,5; ObEx: 5,3 ± 0,5 g; p<0,01) dos ratos ObEx. O grupo Ob apresentou valores de coração total, ventrículo direito e suas respectivas relações com a tíbia aumentados em comparação ao grupo C. O mesmo resultado foi observado no grupo ObEx em relação ao CEx. Os músculos papilares dos animais dos grupos experimentais apresentaram comportamento similar em condição basal e após as manobras de potenciação pós-pausa e elevação de Ca+2 intracelular. Após o bloqueio com diltiazem, a atividade dos canais de Ca+2 tipo L foi similar entre os grupos experimentais (% de bloqueio da TD: C: 86,9% ± 6,27; Ob: 87,0% ± 6,54; CEx: 87,5% ± 5,3 e ObEx: 90,6% ± 3,95). Em conclusão, a obesidade promove adaptações morfológicas cardíacas sem prejuízos na função miocárdica e atividade dos canais de Ca2+ tipo L. Além disso, o treinamento físico, apesar de modificar a composição corporal, não altera as características morfológicas e funcionais do coração, bem como não acarreta adaptações na função dos canais de Ca2+ tipo L.