Efeito do treinamento funcional domiciliar em idosos longevos com fragilidade física: resultados preliminares em um estudo piloto
Por Bruna da Silva Vieira Capanema (Autor), Felipe Fank (Autor), Maria Clara Trento (Autor), Damares Barbosa Reis (Autor), Giovana Zarpellon Mazo (Autor).
Resumo
Com o aumento significativo no número de idosos longevos com fragilidade física (FF) vivendo em casa, intervenções eficazes de exercício físico (EF) domiciliar tornam-se essen-ciais para preservar sua independência e retardar a institucionalização e hospitalizações. Deste modo, programas de treinamento funcional (TF) domiciliar podem desempenhar um papel sig-nificativo no aumento da participação nos exercícios, dado que essa população enfrenta difi-culdade de adesão em programas fora de suas residências. Objetivo: Avaliar o efeito de quatro semanas de TF domiciliar na capacidade funcional (CF), força muscular (FM) e velocidade da marcha (VM) de idosos longevos com FF. Métodos: Este é um estudo quase-experimental que apresenta dados preliminares de um ensaio clínico, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UDESC (CAAE: 45881815.1.0000.0118). Até o momento, foram incluídos nove idosos da comunidade de 85 anos ou mais de idade, com FF conforme os critérios de Fried et al. (2001) e com estado cognitivo preservado. Foram coletadas informações sobre a força de preensão manual, utilizando o dinânometro Saehan (modelo SH5001), a velocidade da marcha, avaliada por meio da marcha habitual de 4,6m e a capacidade funcional, por meio do teste Ti-me-Up-and-Go (TUG). Quanto às sessões de TF domiciliar, foram divididas em: Bloco 1) prepa-ração para o movimento – mobilidade articular, coordenação motora, equilíbrio e flexibilidade das principais articulações; Bloco 2) neuromuscular – força, potência, equilíbrio, coordenação e agilidade nos padrões de movimento de empurrar, puxar e agachar (vertical e horizontal) e rotacionar e carregar objetos com demanda do CORE; Bloco 3) metabólica – transferência do movimento (integrado, dinâmico e multimuscular); e Bloco 4) volta à calma (respiração e relaxamento). As sessões tiveram duração de 50 a 60 minutos, duas vezes por semana, durante quatro semanas. A escala OMNI-GSE foi utilizada para controlar a intensidade. Na comparação entre os valores do pré e pós-teste, foi utilizado o teste T pareado e, para o cálculo do tamanho de efeito, foi utilizado o G de Hedges. Foram realizados procedimentos de bootstrapping (1000 reamostragens; 95% IC BCa) e adotou-se um nível de significância de 5%. Resultados: A média de idade dos longevos foi de 88,7 anos e 77,8% eram mulheres. Houve um aumento significativo na FPM (17,3 ± 3,16 kgf vs 19,0 ± 3,39 kgf) (p = 0,015; g = 0,509) e na VM (0,45 ± 0,64 m/s vs 0,64 ± 0,18 m/s) (p = 0,003; g = 1,000), além de uma redução no tempo do teste TUG (21,5 ± 10,30s vs 16,37 ± 6,75s) (p = 0,037; g = 0,572) após quatro semanas de intervenção. Conclusão: A interven-ção de quatro semanas com TF domiciliar para idosos com FF pode ser eficaz na melhora da FPM, da VM e da CF, contribuindo para atenuar a fragilidade. Hipotetiza-se que os resultados futuros do ensaio clínico, com uma amostra maior, com grupo controle e com um período maior de intervenção possam ratificar os achados preliminares.