Efeito do treinamento funcional sobre a função de sensibilidade ao contraste visual (csf) em indivíduos vivendo com HIV
Por Felipe de O. Matos (Autor), Renata M.T.B.L. Nogueira (Autor), Giselle C. Bueno (Autor), Amanda B. Beloto (Autor), Solange M.F. de Moraes (Autor), Sidney B. Peres (Autor).
Em VI Congresso Brasileiro de Metabolismo, Nutrição e Exercício - CONBRAMENE
Resumo
O Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) infecta o sistema imune, inclusive no sistema nervoso central, desencadeando processos inflamatórios que provocam morte neuronal e danos em capacidades de processamento sensorial e cognitivo. A função de sensibilidade ao contraste visual (CSF) é um importante indicador do processamento do córtex visual, que pode apresentar prejuízos em indivíduos HIV+ . O exercício físico atua na neuroproteção e prevenção de doenças neurodegenerativas, incluindo as provocadas pelo HIV. Assim, esperamos que o exercício físico possa melhorar a CSF de pessoas vivendo com HIV+ . OBJETIVO: Analisar o efeito do treinamento funcional (TF) agudo e crônico sofre a CSF em indivíduos vivendo com HIV+ . MÉTODOS: Participaram do estudo 19 sujeitos, 11 HIV+ (43,9 ± 11,4 anos, 7 Fem) e oito não infectados (C) (48,7 ± 12,1, 4 Fem), que foram submetidos a 12 semanas de TF, sendo avaliados em três momentos distintos: (a) linha de base, (b) logo após uma sessão de 30 minutos de exercícios funcionais e (c) após 12 semanas de TF realizado em regime de esforço/pausa de 1:1, 30seg de exercício por 30seg de recuperação durante 30min, duas vezes por semana. Para avaliação da CSF utilizamos estímulos de grade senoidal vertical com frequências espaciais de 0,07; 0,13; 0,27; 0,54; 1,08; 2,15; 4,31; 8,61; ciclos por grau de ângulo visual (cpg), por meio do aplicativo Contrast Sensitivity Function 1.0 (Kybervision, Japão), em condição fotópica. RESULTADOS: A diferença entre os grupo foi verificada apenas para a frequência 0,07cpg (p = 0,021), sendo necessário menor contraste para o grupo C (mediana 18,15; máx 176,70; mín 8,00) do que para o grupo HIV+ (mediana 58,40; min 11,00; máx 392,60) após 12 semanas de treinamento. O exercício agudo somente alterou a CSF do grupo C (p = 0,012), que necessitou de menor contraste na frequência com 2,15 cpg após o exercício. Já as 12 semanas de treinamento induziram uma redução da necessidade de contraste para a frequência com 8,61 cpg, tanto no grupo HIV+ (p = 0,012; pré mediana 60,50; min 12,50; máx 395,10; pós mediana 28,70; min 9,00; máx 98,60) quanto do grupo C (p = 0,036; pré mediana 21,65; min 2,60; máx 224,30; pós mediana 20,30; min 4,40; máx 159,10). CONCLUSÃO: O treinamento funcional foi capaz de melhorar a CSF nas altas frequências em indivíduos HIV+ e não infectados após 12 semanas de treinamento, proporcionando efeito neuroprotetor e melhorando o processamento visual dos participantes do estudo.