Resumo

O Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) infecta o sistema imune, inclusive no sistema nervoso central, desencadeando processos inflamatórios que provocam morte neuronal e danos em capacidades de processamento sensorial e cognitivo. A função de sensibilidade ao contraste visual (CSF) é um importante indicador do processamento do córtex visual, que pode apresentar prejuízos em indivíduos HIV+ . O exercício físico atua na neuroproteção e prevenção de doenças neurodegenerativas, incluindo as provocadas pelo HIV. Assim, esperamos que o exercício físico possa melhorar a CSF de pessoas vivendo com HIV+ . OBJETIVO: Analisar o efeito do treinamento funcional (TF) agudo e crônico sofre a CSF em indivíduos vivendo com HIV+ . MÉTODOS: Participaram do estudo 19 sujeitos, 11 HIV+ (43,9 ± 11,4 anos, 7 Fem) e oito não infectados (C) (48,7 ± 12,1, 4 Fem), que foram submetidos a 12 semanas de TF, sendo avaliados em três momentos distintos: (a) linha de base, (b) logo após uma sessão de 30 minutos de exercícios funcionais e (c) após 12 semanas de TF realizado em regime de esforço/pausa de 1:1, 30seg de exercício por 30seg de recuperação durante 30min, duas vezes por semana. Para avaliação da CSF utilizamos estímulos de grade senoidal vertical com frequências espaciais de 0,07; 0,13; 0,27; 0,54; 1,08; 2,15; 4,31; 8,61; ciclos por grau de ângulo visual (cpg), por meio do aplicativo Contrast Sensitivity Function 1.0 (Kybervision, Japão), em condição fotópica. RESULTADOS: A diferença entre os grupo foi verificada apenas para a frequência 0,07cpg (p = 0,021), sendo necessário menor contraste para o grupo C (mediana 18,15; máx 176,70; mín 8,00) do que para o grupo HIV+ (mediana 58,40; min 11,00; máx 392,60) após 12 semanas de treinamento. O exercício agudo somente alterou a CSF do grupo C (p = 0,012), que necessitou de menor contraste na frequência com 2,15 cpg após o exercício. Já as 12 semanas de treinamento induziram uma redução da necessidade de contraste para a frequência com 8,61 cpg, tanto no grupo HIV+ (p = 0,012; pré mediana 60,50; min 12,50; máx 395,10; pós mediana 28,70; min 9,00; máx 98,60) quanto do grupo C (p = 0,036; pré mediana 21,65; min 2,60; máx 224,30; pós mediana 20,30; min 4,40; máx 159,10). CONCLUSÃO: O treinamento funcional foi capaz de melhorar a CSF nas altas frequências em indivíduos HIV+ e não infectados após 12 semanas de treinamento, proporcionando efeito neuroprotetor e melhorando o processamento visual dos participantes do estudo.

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