Efeito do Treinamento Funcional Sobre a Resistência à Insulina e Perfil Lipídico de Pessoas Vivendo com Hiv Sob Terapia Antirretroviral
Por Amanda Bespalhok Beloto (Autor), Giselle Cristina Bueno (Autor), Eloa Jacques Pastório (Autor), Lucas Jacob Beutemmüller (Autor), Elton Ricardo de Oliveira Costa (Autor), Sidney Barnabé Peres (Autor), Solange Marta Franzói-de-moraes (Autor).
Em 40º Simpósio Internacional de Ciências do Esporte SIMPOCE
Resumo
Introdução: A Síndrome da Imunodeficiênia Adquirida (AIDS) configura uma enfermidade complexa ocasionada pela infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), e seus sinais e sintomas são decorrentes do aumento da replicação viral e falência progressiva do sistema imunológico. O advento da terapia antirretroviral (TARV) mudou drasticamente a progressão da doença, levando à redução da morbidade e mortalidade, caracterizando-a como uma condição crônica. No entanto, o uso prolongado da TARV tem levado ao surgimento de um conjunto heterogêneo de anormalidades morfológicas e metabólicas, como desregulação do metabolismo do metabolismo da glicose e lipídios, configurando um quadro de síndrome metabólica (SM), que inclui resistência à insulina (IR), adiposidade visceral, dislipidemia e/ou lipodistrofia. A prática sistematizada de exercícios físicos é recomendada para pessoas vivendo com HIV/aids (PVHA) à fim de amenizar os efeitos colaterais da TARV e ser um tratamento complementar das complicações inerentes à própria infecção. Estudos com diferentes modelos de treinamento têm modulado positivamente a composição corporal e induzido alterações significativas em parâmetros imunológicos e fisiológicos nesses indivíduos. O Treinamento Funcional (TF) têm sido muito difundido nos últimos anos na área do condicionamento, principalmente por envolver o trabalho de diferentes capacidades físicas e por ter se mostrado eficiente na melhora da qualidade de vida dos indivíduos que o praticam; no entanto, não existem relatos de sua aplicação em PVHA. Objetivo: Verificar os efeitos do TF sobre a resistência à insulina e perfil lipídico de PVHA usuárias de TARV. Métodos: A amostra foi composta por 18 indivíduos de ambos os sexos, sendo 9 infectados pelo HIV (HIV+;44,2±11,2 anos) e 9 não infectados (HIV-; 47,6±10,7 anos). O protocolo de treinamento teve duração de 16 semanas, com frequência semanal de 2 vezes e duração de 30 minutos cada sessão, compostas por oito exercícios multiarticulares, realizados na forma de circuito, em um regime de esforço/pausa de 1:1, sendo 30 segundos de execução e 30 de descanso. A intensidade de cada sessão foi avaliada pela Percepção Subjetiva de Esforço (PSE), quinze minutos após o final de cada treino. As coletas de sangue para avaliação do perfil lipídico, glicemia e insulinemia, e consequente cálculo do índice HOMA-IR, ocorreram nas avaliações pré treinamento, após 8 e 16 semanas. A caracterização da amostra foi realizada a partir de estatística descritiva (média e desvio padrão) com base nos pressupostos paramétricos de normalidade do teste de Shapiro-Wilk; para a comparação entre os grupos foi utilizado o teste T para amostras independentes e Análise de Variância (ANOVA) mista de medidas repetidas, e quando identificadas diferenças foi realizado o post hoc de Tuckey. Todas a análises foram realizadas no software Statistica® (versão 10.0) adotando o nível de significância de 5% (p<0,05). Um cálculo complementar com base no tamanho do efeito foi realizado para avaliação da magnitude entre os momentos estudados. Resultados: Com relação aos valores iniciais do perfil lipídico, apenas o HDL apresentou-se estatisticamente diferente entre os grupos, sendo menor no HIV+ (48±11,11 vs 36,2±7,03; p=0,01); no que se refere aos valores pré treinamento da glicemia, insulinemia e índice HOMA-IR, também não havia diferença significante entre os grupos, embora a concentração média de insulina do grupo HIV+ estivesse consideravelmente elevada em relação ao grupo HIV- (43,1±36,9 vs 22,07±4,4). O protocolo de TF de 16 semanas, caracterizado como baixa intensidade pela média da PSE das sessões, provocou redução na glicemia, insulinemia e índice HOMA-IR de ambos os grupos, porém de forma significante apenas para o HIV+ (p=0,03 para todas as variáveis). Com relação ao perfil lipídico, não houveram modificações significantes e o tamanho do efeito não foi expressivo em nenhum dos dois grupos. Conclusão: Dezesseis semanas de TF de baixa intensidade não foram suficientes para levar a modificações no perfil lipídico, porém foi capaz de reduzir a resistência à insulina de PVHA.