Resumo

No intuito de desenvolver um treinamento intervalado de sprints com um novo modo de exercício, a presente tese propôs a aplicação intermitente do teste de saltos verticais contínuos com 30s de duração (CJ30). O objetivo principal do estudo foi analisar o efeito desse treinamento (JIT), aplicado durante quatro semanas, sobre o desempenho do salto vertical com contramovimento (CMJ), a força explosiva, a aptidão anaeróbia, as variáveis determinantes do desempenho de endurance e as variáveis biomecânicas e fisiológicas da corrida em velocidade submáxima. O objetivo secundário foi verificar a relação da rigidez (vertical, KV e perna, KL) e coordenação intrassegmentos (CRP), medidas em velocidade submáxima, com a economia de corrida (EC). Vinte e dois (12 mulheres e 10 homens) corredores (as) recreacionais foram divididos randomicamente nos grupos experimental (GE) e controle (GC) por meio de sorteio. Todos os participantes realizaram treinamento contínuo em esteira, três vezes por semana, com intensidade de 70% do pico de velocidade (PV) identificado durante teste incremental. No treinamento do GE foram incluídas duas sessões do JIT por semana. Uma sessão do JIT foi composta de quatro a seis séries de CJ30 com cinco minutos de intervalo. Para análise estatística foi utilizada a ANOVA modelo misto com p ≤ 0,05 e o Effect Size (ES). Na avaliação do CMJ houve efeito moderado do treinamento apenas no GE: 4,7% (ES = 0,99) para altura do salto vertical (H), 3,7% (ES = 0,82) para potência pico (PP) e 3,5% (ES = 0,83) para potência média (PM). A taxa de desenvolvimento de torque (TDT) do quadríceps aumentou 29,5% (ES = 1,02) no GE. Na avaliação do CJ30, considerando-se apenas os primeiros saltos (20%; ≈ 5 saltos), houve um aumento moderado no GE de 7,4% (ES = 0,87) para H e 5,6% (ES = 0,73) para PP; e moderado/alto de 11,7% (ES = 1,2) para a profundidade de agachamento (ΔY). Considerando-se todos os saltos realizados no CJ30 também houve aumento de moderado a alto no GE de 10,1% (ES = 1,04) para H, 9,5% (ES = 1,1) para PP e 8,8% (ES = 1,1) para ΔY. Foi verificado aumento de moderado a alto no GE de 2,7% (ES = 1,11) para PV, 9,1% (ES = 1,28) para o VO2pico e 9,7% (ES = 1,23) para o limiar de lactato (vOBLA). No teste de EC a 9 km.h-1 verificou-se que a maioria das variáveis biomecânicas sofreram efeito do treinamento, tanto para o GE quanto para o GC, mas o consumo de oxigênio (VO2) e custo energético (CE) não sofreram efeito do treinamento. Destaca-se o aumento da rigidez vertical e da perna (8,1%), diminuição do tempo de voo (3,28%) e maior estado coordenativo do acoplamento coxa-perna (CRP; 3,4%). Verificou-se também correlação positiva do VO2 e CE com o CRP coxa-perna (r ≈ 0,5). Por fim, pode-se concluir que a inclusão do JIT no treinamento de contínuo de endurance teve efeito significativo sobre o desempenho do CMJ (H), potência muscular (PP e PM), força explosiva (representada pela TDT), potência (H e PP dos primeiros saltos do CJ30) e capacidade (H e PP do CJ30) anaeróbia e potência (PV e VO2pico) e capacidade (vOBLA) aeróbia. Além disso, pode-se concluir que o estado coordenativo mais estável do acoplamento coxa-perna está ligado a menores valores de VO2 e CE e que KV e KL não têm relação significativa com a EC.

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