Resumo

A caquexia induzida pelo câncer é uma síndrome metabólica caracterizada por progressiva perda de peso corporal não intencional. Estudos mostram que essa perda de peso relaciona-se com o desbalanço entre síntese e degradação proteica. O exercício tem demonstrado grande importância neste contexto, a fim de prevenir, retardar ou reverter a caquexia induzida pelo câncer. O objetivo desse estudo foi avaliar os efeitos do treinamento resistido (TR) sobre a caquexia e a agressividade tumoral em camundongos inoculados com células tumorais de Ehrlich. Foram utilizados 40 camundongos Swiss machos (30,15 ± 2,87g), divididos aleatoriamente em 4 grupos (n=10 por grupo): controle (C), tumor (T), exercício (E) e tumor exercício (TE). Os animais T e TE foram inoculados com 1x106 células do tumor de Erhlich subcutaneamente no flanco direito. O protocolo de TR consistiu em 4 semanas, onde os animais subiram uma escada com pesos progressivos atados à cauda. Ao final do período experimental, os animais foram eutanasiados. O crescimento tumoral foi progressivo nos grupos portadores de tumor e o TR não reduziu a massa tumoral. O grupo T apresentou menor ganho de peso corporal (69%, quando comparado ao C) e o TR não amenizou a perda de peso. O tumor promoveu diminuição (16%) na ingestão de ração, na massa da gordura retroperitonial (61%), na massa total dos músculos analisados (15%) e o TR não reverteu nenhum desses parâmetros. Observou-se aumento da massa do baço (435%, T vs C) e o exercício não foi capaz de reverter esse aumento. A análise da área de secção transversa demonstrou que o grupo T apresentou redução no músculo sóleo, EDL e gastrocnêmio (59%, 54% e 28%, respectivamente) quando comparados ao C, e o TR exerceu efeito protetor sobre esse parâmetro com aumento de 172%, 157% e 80%, respectivamente. O grupo T apresentou redução (23%) da carga máxima, diminuição da capacidade locomotora (57%) e exploratória (80%), dentre todos esses parâmetros o TR preveniu a perda de força (200%). O tumor promoveu aumento de 224% no TNF-? e de 1635% na IL-6 circulantes, aumentou (71%) ainda a porcentagem da polpa branca do baço em relação à área total da foto analisada, quando comparados ao grupo C. Os níveis de IL-10 circulantes não se alteraram. O exercício não preveniu o aumento de TNF-? e a porcentagem da polpa branca no baço, no grupo TE, porém, reduziu os níveis de IL-6 do grupo TE em 69% quando comparado ao T. A expressão gênica muscular analisada demonstrou aumento (99%, 134% e 179%) de RNA mensageiro de, FOXO1, FOXO3 e atrogin-1, respectivamente e diminuição (53%) de PGC-1?. O TR foi capaz de reduzir (FOXO1 - 45%, FOXO3 - 42% e atrogin-1 - 55%) e de aumentar (163%) PGC-1 ?. O tumor e o treinamento não alteraram as proteínas musculares atrogin-1 e MuRF-1 analisadas por western blotting no músculo gastrocnêmio. Ainda, a análise tumoral demonstrou diminuição da cápsula (51,15%) e da proliferação das células tumorais (10,50%) e aumento (47,44%) da área de fibrose central, no grupo TE. Concluindo, o TR minimizou a perda de massa e de força muscular promovidas pelo crescimento tumoral, embora a esplenomegalia e a lipólise não tenham sido revertidas. O TR também diminuiu a proliferação e aumentou a morte de células tumorais, o que pode ter contribuído para a diminuição da agressividade tumoral, trazendo benefícios para os pacientes com câncer.

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