Resumo
Os níveis de aptidão física (ApF) das crianças brasileiras vêm sendo estudados na última década, indicando uma piora nos indicadores de saúde cardiovascular, musculoesquelético e na competência motora. Buscando modificar essa tendência preocupante, recentemente programas baseados no treino integrativo neuromuscular em contexto escolar vem se mostrando promissores na melhora dos níveis de ApF das crianças. Sendo a escola considerada também como uma instituição importante na promoção da ApF ao longo dos anos é importante considerar o efeito do período de férias (destreino) no qual as crianças em sua maioria deixam de se engajar em exercícios físicos. Logo, os objetivos desta tese foram o de descrever a ApF relacionada a saúde e ao desempenho motor, propor e analisar o efeito de uma proposta pedagógica no contexto escolar sobre os indicadores da ApF, assim como averiguar os efeitos do destreino sobre a ApF das crianças que participaram da proposta pedagógica. Recorreu-se da análise descritiva (frequências, médias e desvio-padrão), “Teste t pareado” e ANOVA de medidas repetidas, estratificadas por grupos (Grupo 1: 1º, 2º e 3º ano; Grupo 2: 4º e 5º ano) para dar resposta aos objetivos propostos. A magnitude do tamanho do efeito foi estimada pelo “eta ao quadrado parcial”. As análises estatísticas foram realizadas no software SPSS versão 24.0 e sendo aceito a probabilidade de 5% de erro nas análises. Para tal foram incluídas no estudo de forma voluntária 100 crianças de seis a 12 anos de idade não completos. Foi mensurado a estimativa de excesso de peso (IMC) e de gordura visceral (RCE), a aptidão cardiorrespiratória (ApC), a flexibilidade, a força muscular localizada (FML), a potência de membros superiores (PMS) e inferiores (PMI), agilidade e velocidade. Os resultados evidenciam que a percentagem de crianças na “zona de risco à saúde” foi entre 23-48% com exceção da ApC que apresenta valores de 66-67%. Quanto a aptidão física relacionada ao desempenho motor as percentagens acumuladas das expectativas “fraco e “razoável” foi entre 50-70%. As crianças de 6-11 anos de idade apresentaram efeito significativo e elevado nos componentes IMC, ApC, FML, PMS, PMI e agilidade, e mantidos após período de destreino em FML, PMS, PMI e agilidade. Já as crianças de 9-12 anos de idade apresentaram efeito significativo e muito elevado na agilidade e velocidade e elevado na RCE, flexibilidade, FML e PMS e apresentaram manutenção após destreino em RCE, FML, PMS e PMI. Conclui-se que a proposta pedagógica se mostrou promissora em reverter o quadro de baixa ApF evidenciada na linha de base, principalmente nos componentes de força, potência e agilidade, e que este efeito positivo foi mantido após período de destreino.