Resumo

Há muitas possibilidades de se executar uma mesma tarefa motora e diversos fatores podem interferir no controle e execução da tarefa. Dentre estes fatores, pode-se destacar pelo interesse clínico o fator dor. Um exemplo de estratégia de controle motor que pode ser influenciada pela dor é a ativação simultânea de músculos agonistas e antagonistas, definida como co-contração muscular. A presente tese teve como objetivos investigar possíveis interações entre dor e força muscular e validar métodos de quantificação de co-contração (índices de co-contração, ICC) baseados em três distintos procedimentos de normalização do sinal eletromiográfico (EMG), quais sejam: não normalização da intensidade do sinal EMG (ICC1) e normalização respectivamente pelo valor da contração voluntária máxima isométrica (ICC2) e pelo valor da co-contração voluntária máxima (ICC3), adquiridas na condição pré-dor muscular. Para tanto, 13 adultos saudáveis realizaram duas tarefas motoras nas condições pré, durante e pós-dor muscular experimentalmente induzida. A atividade do sinal EMG dos músculos m. bíceps braquial (cabeça lateral e medial) e m. tríceps braquial (cabeça lateral e medial) foi registrada durante ambas as tarefas. Dor muscular foi induzida através de infusão de 1,0 ml de solução salina hipertônica (5,8%) no músculo bíceps braquial (porção medial). Uma das tarefas consistiu na realização de força (isométrica) em vários sub-níveis (25, 50, 75 e 100%) da força máxima isométrica em flexão e em extensão da articulação do cotovelo. Nesta tarefa observou-se que, durante dor muscular, a força isométrica máxima ( em flexão) atingida foi equivalente a aproximadamente 88±7% da força máxima atingida na ausência de dor e que o comportamento da curva força/EMG foi curvilínea monotônica crescente em ambas as condições. A outra tarefa, consistiu na ativação simultânea (co-contração) isométrica dos músculos flexores e extensores da articulação do cotovelo em vários sub-níveis (25, 50, 75 e 100%) de ativação destes músculos em co-contração máxima. Neste caso, o índice de co-contração que mais se aproximou de 100% e, portanto, o mais acurado foi o ICC3, cujos valores médios foram de 88±4%. Os valores médios calculados respectivamente para ICC1 e ICC2 foram de 77±6% e 70±6%. Concluiu-se que: 1) Os parâmetros força e intensidade do sinal EMG tendem a ter uma relação curvilínea monotônica crescente durante tarefas isométricas tanto na presença como na ausência de dor muscular experimentalmente induzida; 2) O índice de co-contração que normaliza a intensidade do sinal EMG pelo pico da co-contração voluntária máxima é o mais adequado porque aproxima os valores calculados dos valores esperados em uma co-contração voluntária máxima; 3) Dor muscular experimentalmente induzida não altera os índices de co-contração quando esta é realizada em diferentes níveis de ativação dos músculos envolvidos.

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