Resumo
Introdução: A prática de exercício físico é amplamente recomendada e não leva em conta os níveis séricos de 25(OH)D em parte porque não é conclusivo se há interação entre eles e se há algum efeito dessa possível interação. A manutenção da capacidade funcional é muito importante para a independência funcional em idosos, e pode depender de um melhor resultado da prática de exercício físico. Portanto, identificar fatores que possam melhorar o resultado dessa prática, tais como os níveis séricos de 25(OH)D, é relevante para que se alcance o envelhecimento ativo. Objetivo: Estudar a interação da 25(OH)D com o exercício físico e seu efeito sobre a força muscular e equilíbrio corporal de idosas ativas, residentes na comunidade. Métodos: Ensaio de intervenção em grupos. Foram avaliadas 345 mulheres idosas com idade ≥ 60 anos (67±5 anos), praticantes de exercício físico há pelo menos um ano, no Centro Esportivo e Cultural do Serviço Social do Comércio - Santana/SP (Sesc). Comparamos 146 praticantes de Hidroginástica (HD); 99 idosas que praticavam Ginástica Multifuncional (GMF); e 100 idosas não praticantes de exercício físico supervisionado, as quais foram classificadas como sedentárias (controle - CT), pelo questionário internacional de atividade física. Em cada um dos grupos, as idosas com níveis de 25(OH)D abaixo da mediana do respectivo grupo foram suplementadas com colecalciferol, 21 mil UI/semana por 12 meses. Todas as idosas realizaram no início e ao término de 12 meses, os seguintes testes físicos, funcionais e bioquímicos: Marcha Estacionária de 2 minutos (ME), Timed Up-and-Go (TUG), Levantar da Cadeira em 30 segundos (LC), Flexão de Cotovelo (FC), Alcance Funcional (AF), Equilíbrio Estático com Controle Visual - Flamingo (FLA), Preensão Manual, braço direito e esquerdo (PMD e PME), Flexão de cotovelo (FC), Força dos músculos flexores de quadril com dinamômetro portátil (FQ) e extensores de joelho (EJ), dosagem sérica de 25(OH)D, paratormônio intacto (PTH) e outros. Também foi calculado o Índice de Massa Corporal (IMC) e realizada a Densitometria Óssea (DXA). A comparação dos dados basais foi realizada pelo Modelo Linear Geral (General Linear Model - GLM) univariado. Para análise do tratamento foi utilizado o GLM para medidas repetidas, considerando o nível de significância α<0,05. Resultados: A suplementação aumentou significativamente os níveis de 25(OH)D em HDS (início:12,06±2,64; término:39,42±13,82 ng/mL - p<0,001), GMFS (início:13,01±3,43; término:37,36±10,46 ng/mL - p<0,001) e CTS (início:10,86±2,26 ng/ml; término:38,30±13,77 ng/mL - p<0,001). Também houve mudança no nível do PTH: HDS (início: 50.16±17.53; término: 47.09±18.26 pg/mL), GMFS (início: 42.49±14.15; término: 39.44±11.97 pg/mL) e CTS (início: 49.12±22.30; término: 38.66±14.87 pg/mL). A interação dos níveis séricos de 25(OH)D com exercício físico foi significativa nos testes que avaliaram a força de membros inferiores e o equilíbrio estático: TUG (p=0,005), FLA (p=0,03), FQ (p<0,001) e ME (p=0,02). Conclusão: Houve interação entre os níveis de 25(OH)D e exercício físico, sobre os testes que avaliaram a força de membros inferiores e o equilíbrio estático. Os níveis de 25(OH)D, acima de 30 ng/mL, são importantes para um melhor desempenho no teste TUG de idosas ativas que praticam exercício físico supervisionado. Os resultados sugerem que os profissionais da área da saúde, incluindo os da Educação Física que orientam exercício físico, devem trabalhar em equipe com Geriatras e Gerontólogos e recomendar que sejam monitoradas as reservas de Vitamina D dos idosos pois, em conjunto com a prática de exercícios físicos, pode haver potencialização do desempenho físico e funcional. Outros estudos serão necessários para confirmar esses resultados.