Resumo

O modelo de potência crítica pode ser aplicado em várias modalidades esportivas realizadas de forma contínua (ex., corrida e natação) e intermitente (ex., corrida). Entretanto, nenhum estudo verificou a utilização do modelo de potência crítica para saltos verticais realizados de forma intermitente. Sendo assim, o objetivo deste estudo foi verificar se o modelo de potência crítica se ajusta para saltos verticais com contra movimento, realizado com diferentes durações de intervalos passivos entre cada salto vertical. Dez participantes se submeteram a quatro sessões experimentais realizadas em dias diferentes. As primeiras três sessões (S1, S2 e S3) foram utilizadas para determinar o intervalo crítico, que consistia em realizar saltos verticais (semelhante ao movimento de bloqueio no voleibol) sobre uma plataforma de força, com intervalos que variavam entre 4 e 7 s, até a exaustão (incapacidade de manter 95% da altura máxima do salto vertical por três vezes consecutivas). Para cada salto vertical foi determinado o impulso concêntrico através da integração da força de reação do solo vertical no tempo. Então, para cada sessão foi calculada a somatória dos impulsos concêntricos. Assumiu-se que essa somatória representava o trabalho externo total para elevar o centro de massa durante os saltos verticais. Assim, utilizando a equação matemática do modelo linear trabalho-tempo, foi estimado o intervalo crítico. A hipótese é que o intervalo crítico representaria o menor intervalo entre saltos verticais que possibilitaria a realização do exercício por tempo prolongado. Para testar essa hipótese, na 4ª sessão experimental (SIC), os participantes realizaram saltos verticais até a exaustão utilizando o intervalo critico. Em todas as sessões experimentais foram determinados o número de saltos verticais e a duração total do exercício (tempo entre o primeiro e o último salto vertical). O número de saltos verticais realizados em S2 (70 ± 28 saltos), S3 (105 ± 28 saltos) e SIC (171 ± 51 saltos) foram significativamente maiores que S1 (42 ± 14 saltos). Além disso, o número de saltos verticais realizados em S3 e SIC foram significativamente maiores que S2, sendo que SIC foi maior que S3. Com relação às variáveis durações do exercício (S1=171 ± 52 s; S2=346 ± 117 s; S3=610 ± 129 s e SCI=1304 ± 339 s) e somatórias dos impulsos concêntricos (S1=10.297 ± 3.508 N•s; S2=17.077 ± 6.386 N•s; S3=25.883 ± 7.188 N•s e SIC=45.377 ± 14.608 N•s), as diferenças significativas foram similares às obtidas na variável número de saltos verticais em todas as sessões. Além disso, foi observado elevado coeficiente de determinação (R2 = 0,99 ± 0,01) entre a somatória dos impulsos concêntricos e a duração dos exercícios utilizados na estimativa do intervalo crítico (7,4 ± 1,3 s). Portanto, o modelo de potência crítica pode ser utilizado para determinar o intervalo crítico em saltos verticais, sendo que o intervalo crítico representa o menor intervalo entre saltos verticais que induz a realização do exercício por tempo prolongado.

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