Resumo
A diminuição da flexão do joelho na fase de balanço presente em pessoas com seqüela de Acidente Vascular Encefálico (AVE) contribui para a diminuição da velocidade da marcha encontrada nesta população. Com a associação do andar para trás com estímulos sensoriais, através da eletro estimulação (FES) nos isquiotibiais, acredita-se que possa ocorrer um aumento da flexão de joelho durante o andar para trás e que esses benefícios sejam transferidos para o andar para frente .Objetivou-se avaliar os resultados imediatos no andar para frente (AF) de um curto treino no andar para trás (AT) em esteira combinado a eletro estimulação (EE) nos flexores do joelho. A cinemática de dez indivíduos (54,4±14,7 anos) com hemiparesia crônica (51,8±49,8 meses) foi realizada com câmeras de 30 Hz com marcadores durante a caminhada em esteira em 3 condições no AT (Pré-AT: antes do treino, EE: durante o andar para trás com FES e Pós-AT: 10 minutos após o treino e sem FES) e 2 condições de AF (Pré–AF: antes do treino e Pós-AF: após o término do treino). A intervenção foi AT por 20 minutos na esteira em velocidade confortável associada à EE nos flexores de joelho disparada na fase de balanço através de um sensor colocado na palmilha. As variáveis cinemáticas analisadas foram comprimento do passo, duração do apoio e do balance, e variáveis angulares de quadril e joelho. No AT foram analisadas pela ANOVA medidas repetidas e do AF através de teste t. A coordenação intra membro foi analisada pela quantificação do diagrama ângulo ângulo através do coeficiente de correlação (ACC) da técnica vector coding. No AT, o treino aumentou o valor de pico de flexão durante a EE (p=0,01) que se manteve após 10 min de repouso sem o FES (p=0,02). No AF, observou-se o aumento do pico de flexão do joelho (p=0,005) e da amplitude de flexão do quadril (p=0,003). Cinco entre os dez participantes melhorou o padrão de coordenação aumentando o valor do ACC, porém não foi significativo. Os resultados indicam que a associação entre esteira, andar para trás e FES pode ser um método eficaz para melhora do padrão de marcha em indivíduos com hemiparesia. Os efeitos de um treinamento de maior duração e o efeito deste na melhora do padrão locomotor em solo ainda devem ser avaliados