Resumo

O propósito do presente estudo foi investigar o efeitos da ingestão de cafeína (6 mg.kg-1) sobre o desempenho físico e mecanismos associados à fadiga de ciclistas em esforços supramáximos. Fizeram parte do estudo dez ciclistas com idade média de 27,5 ± 4,1 anos e tempo médio de prática na modalidade de 9,8 ± 4,7 anos. Os indivíduos foram submetidos a diferentes situações experimentais: 1) Determinação do consumo de oxigênio de pico (VO2pico) e limiar ventilatório (LV2); 2) Determinação da demanda acumulada de oxigênio (DEO2) (4 sessões de exercício submáximo - 60, 70, 80 e 90% do VO2pico), e 3) Teste retangular supramáximo (110% do VO2pico) para determinação do MAOD realizado em duas situações distintas (CAF - cafeína e PL - placebo/maltodextrina) aleatoriamente, em sistema duplo cego, com no mínimo 72 horas de intervalo entre os testes. Os sujeitos foram submetidos a mensuração de parâmetros antropométricos e anamnese nutricional para determinação do habito alimentar. Os sinais EMG foram coletados durante o teste retangular supramáximo (MAOD). O esforço percebido utilizando a escala de 6-20 pontos de Borg (1982) foi reportado a cada 30s de exercício no teste retangular supramáximo (MAOD). A concentração de lactato sangüíneo foi analisada em repouso (-60 min), imediatamente antes (0 min) e após (1, 3, 5, 7 e 10 min) o teste de MAOD nas condições CAF e PL. Os resultados demonstraram que o tempo de exaustão, a DEAO2 e o MAOD foram significantemente maiores na condição CAF comparada a PL (P<0,05). Não foram constatadas diferenças significantes na atividade EMG (RMS) dos músculos VL, VM, RF e QF integrados entre as condições CAF e PL em todos os períodos de tempo analisados (P>0,05). Quando comparado os slopes de FM dos músculos VL, VM, RF e QF integrados entre as condições CAF e PL estes se mostraram significantemente menores para ambos os músculos na condição CAF (P<0,05). O slope da PSE foi significantemente maior na condição CAF comparado a PL (P<0,05). Entretanto, o y-intercepto apresentou valor significantemente menor na condição CAF comparado a PL (P<0,05). Vale ressaltar que o valor de PSE inicial (30 s) medido durante o teste de MAOD na condição CAF foi significantemente menor comparado a PL (P <0,05). Não foram constatadas diferenças significantes nas concentrações de lactato sanguíneo entre as condições CAF e PL (P>0,05). Podemos concluir que a ingestão de cafeína (6 mg.kg-1) melhorou o desempenho anaeróbio pela atenuação da taxa de fadiga muscular causada por provável aumento na velocidade da condução dos impulsos nervosos para as fibras musculares. 

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