Resumo

O objetivo deste estudo foi analisar por meio da estereologia as possíveis mudanças estruturais no ventrículo esquerdo (VE) de ratos idosos, tratados com propionato de testosterona e submetidos a um programa de exercício resistido. Foram utilizados ratos machos (Rattus norvegicus), divididos em Grupo C (Controle), Grupo S (Sedentário), Grupo ST (sedentário tratado com propionato de testosterona), Grupo T (Treinado), e Grupo TT (Treinado e tratado com propionato de testosterona). Foram analisados: peso corporal, peso cardíaco, peso do VE, relações peso cardíaco/peso corporal, peso VE/peso cardíaco. O peso corporal aumentou 2,5% no grupo S comparado a C. Os demais grupos apresentaram diminuição de 7% em relação a C. O peso cardíaco aumentou 15,2% em S comparado a C. O grupo TT apresentou um aumento de 10% em relação a C. O peso do VE aumentou 31,16% em S comparado a C. Os grupos T, ST e TT apresentaram 15% de aumento do peso do VE em relação a C. Os resultados mostraram que o exercício resistido e o uso do propionato de testosterona provocaram alterações discretas no peso corporal e pronunciada no peso do VE. Com relação à densidade de volume (Vv) observamos que o colágeno aumentou significantemente no grupo sedentário em relação ao grupo controle. A administração de testosterona provocou aumento significante do colágeno quando comparado aos grupos controle e sedentário. Os animais do grupo sedentário e sedentário com testosterona também apresentaram diferenças significantes, sendo o colágeno encontrado em maior quantidade no grupo ST. Quando comparado os animais treinados aos sedentários que receberam testosterona, houve diferenças significantes, sendo a proporção de colágeno maior no grupo sedentário com testosterona (ST). O treinamento físico associado à administração de testosterona provocou diminuição na área ocupada pelo colágeno quando comparado aos animais sedentários (S e ST). O treinamento mais o uso de testosterona mantiveram o colágeno na mesma densidade nos dois grupos. A área ocupada pelo espaço intersticial apresentou diferença significante nos grupos que não receberam testosterona. Os animais sedentários apresentaram aumento do espaço intersticial dos 13 meses (C) aos 16 meses (S). O uso da testosterona não alterou esse parâmetro. O treinamento provocou aumento do espaço intersticial com relação aos animais sedentários (C, S e ST). A área ocupada pelos miócitos diminuiu dos 13 meses (C) aos 16 meses (S). O uso da testosterona (ST) provocou diminuição na área ocupada pelos miócitos quando comparado ao grupo C. Analisando a densidade numérica (NV) dos capilares do VE dos animais treinados e treinados com testosterona, houve diferença estatística quando comparados aos animais sedentários que não receberam testosterona (C e S). Analisando a densidade numérica dos miócitos (Nv), número total de miócitos (N), volume médio dos miócitos (V), estatisticamente não ocorreram diferenças significantes. Concluímos que a reposição hormonal promove alterações nas estruturas do miocárdio do VE. No coração o envelhecimento promove a deposição de colágeno que causa a diminuição da complacência cardíaca e conseqüente comprometimento da função. Nosso estudo mostrou que a reposição hormonal associada ao exercício físico manteve os mesmos níveis de colágeno do grupo controle. O que nos faz crer que também houve manutenção nos níveis funcionais. São necessários estudos epidemiológicos, que possam tornar a reposição de androgênios segura em idosos em andropausa, pois a maior dificuldade para seu uso ainda hoje são seus efeitos colaterais.

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