Resumo

O objetivo deste estudo foi investigar como o nível de estabilização do desempenho e o tipo de perturbação exercem influência no processo adaptativo em aprendizagem motora. Três experimentos constituídos de duas fases (estabilização e adaptação) foram realizados, numa tarefa complexa de timing coincidente. Três grupos foram formados (n=15) em cada experimento de acordo com três níveis relacionados ao grau de estabilização do desempenho: pré-estabilização, estabilização e super-estabilização. O critério para estabilização foi "três tentativas consecutivas com erro na faixa de 30 ms", e a de super-estabilização foi "seis blocos de três tentativas consecutivas com erro na faixa de 30 ms". No experimento I, os sujeitos não estabilizaram o desempenho (pré-estabilização), e foram submetidos a diferentes tipos de perturbação: perturbação perceptiva, motora e perceptivo-motora. Os resultados mostraram que, apesar da perturbação perceptiva ser menos intensa que as outras duas perturbações, os sujeitos dos três- grupos não conseguiram se adaptar. No experimento II, houve a estabilização para depois serem inseridos os três tipos de perturbação. Os resultados mostraram que os sujeitos conseguiram se adaptar à perturbação perceptiva e à motora, com uma maior mudança na estrutura da habilidade na perturbação motora. A adaptação à perturbação perceptivo-motora mostrou-se a mais difícil. No experimento III houve a super estabilização para depois serem inseridos os três tipos de perturbação. Os resultados mostraram que não houve diferença no desempenho na fase de adaptação, independente do tipo de perturbação, porém houve diferenças em termos de mudança na estrutura da habilidade: a perceptivo-motora causou maior mudança, seguida da motora e, por último, da perceptiva. As medidas de variabilidade indicaram que, na pré estabilização, houve mudanças na macroestrutura da habilidade em função da perturbação, não havendo diferença na variabilidade da microestrutura da habilidade e nem do desempenho. Com a estabilização do desempenho, houve mudanças tanto na variabilidade do desempenho e como na microestrutura, mas a macroestrutura manteve-se constante. Já com a super estabilização, não houve mudanças na variabilidade. No seu conjunto os resultados mostraram que: 1) a estabilização é um pré-requisito para a adaptação, mas essa depende de quando a perturbação é introduzi da e de quanta perturbação é introduzida; 2) independente do nível de estabilização, a mudança perceptivo-motora constitui perturbação maior que a motora e a perceptiva, assim como a motora caracteriza maior perturbação que a perceptiva. Contudo, ainda se faz necessário investigar como ocorre o processo adaptativo em outras tarefas em função de diferentes tipos de perturbação, bem como em tarefas que tenham maior validade ecológica.

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