Resumo
As pesquisas sobre como crianças planejam ações motoras são raras e seguem paradigmas experimentais apropriados para adultos. Como conseqüência, pouco se sabe sobre o desenvolvimento do planejamento na infância e o efeito da prática no planejamento de crianças de quatro (G4), cinco (G5) e seis (G6) anos de idade numa tarefa de manipulação que demanda precisão para ser concluída (apreender, transportar, orientar e inserir uma barra num orifício semicircular). O estudo teve três fases: aquisição com quarenta tentativas, e transferência e retenção com vinte tentativas cada. Esperava-se que, com a prática, as crianças planejariam a ação de modo a antecipar a orientação final da barra já na sua preensão e que as crianças de G6 fossem mais rápidas em mostrar esse tipo de comportamento. De acordo com o número de correções na inserção, houve uma melhoria efetiva do desempenho em todos os grupos. As crianças de G5 e de G6 optaram por orientar a barra no transporte e não no início da seqüência; as de quatro anos orientaram a barra preferencialmente na inserção, exceto na retenção, em que a orientação correta ocorreu no início. Logo, com a prática, todos os grupos melhoraram seu desempenho, ainda que com taxas de mudança e trajetos diferentes.