Efeito Protetor do Exercício Após a Realização de Uma Corrida em Declive Sobre os Indicadores da Aptidão Aeróbia
Por C. O. Assumpção (Autor), L. C. R. Lima (Autor), F. B. D. Oliveira (Autor), Benedito Sérgio Denadai (Autor).
Resumo
O fenômeno conhecido como efeito do exercício repetido após sessões de exercício excêntrico tem sido alvo de investigações atuais, podendo proteger a musculatura afetada pelo dano muscular (DM) em futuras sessões de exercício com mesmas características. Entretanto, os efeitos da corrida de longa duração sobre a EC ainda são aparentemente contraditórios e precisam ser melhor esclarecidos, como os efeitos do DM sobre os indicadores da aptidão aeróbia. Objetivo: O objetivo do estudo foi analisar a influência de uma sessão de corrida em declive nos indicadores consumo de oxigênio (VO2), ventilação pulmonar (VE) e quociente respiratório (R) ao longo dos tempos (pré, pós e 48h após corrida de longa duração) para verificar a existência do efeito protetor do exercício nesse modelo experimental. Metodologia: O estudo foi conduzido por 6 semanas com 30 voluntários distribuídos randomicamente em grupos experimental (n=15; 22,7 anos; 72,8 kg e 173,2 metros) e controle (n=15; 24,6 anos; 74,8 kg e 175,5 metros). Na semana 1 foi realizada a familiarização no cicloergômetro (declive) e no dinamômetro isocinético e testes para a determinação do LL e do VO2max. Na semana 2 foi determinado o indicador do DM e a EC, antes, logo após e 48 horas após a realização da 1ª corrida de 1 hora (C1). Na semana 3, os voluntários do grupo experimental realizaram uma corrida em declive (30 min / - 15%) para indução do DM. Na semana 6 (14 dias após o declive para o grupo experimental e 21 dias após a C1 para o grupo controle) foram repetidos os procedimentos da semana 2 destacando a 2ª corrida de 1 hora (C2). Foram consideradas diferenças significantes os valores de F superiores ao critério de significância estatística estabelecido (p<0,05) processadas com uso do SPSS 21.0. Resultados: A ANOVA-F para medidas repetidas mostrou que há diferença para a reposta do O2 segundo o tipo de corrida independente do tempo e do grupo, mostrando valores da C2 menores quando comparados com a C1 (F= 5,5 p=0,03). Para a VE há diferença nos tempos independente da corrida e grupo, apresentando ganho imediatamente após a corrida (F= 22,6 p<0,01) e queda após 48h (F= 25,2 p<0,01). Os valores de VE obtidos logo após a corrida foram significantemente diferentes dos obtidos na condição pré e 48h após a corrida. Para o R há interação entre corrida e grupo (F= 6,0 p=0,02) e entre corrida e tempo (F= 5,7 p=0,02) Conclusão: Em nosso modelo experimental não foi encontrada efeito do tempo na EC. São poucos os trabalhos que tenham utilizado condições experimentais próximas a do presente estudo, em especial, quando se trata da determinação da EC após a corrida de longa duração (C1 e C2). Foi verificado em nosso estudo efeito significante da corrida (C1 vs. C2) independente do grupo e tempo. Para o nosso conhecimento este é o primeiro estudo que demonstrou uma atenuação dos efeitos da corrida de longa duração sobre a EC.