Resumo

Este estudo investigou o efeito da suplementação de creatina (Cr) associada ao treinamento com pesos (TP) sobre parâmetros morfológicos, metabólicos e de desempenho de adultos jovens de ambos os sexos. A amostra foi composta por 57 indivíduos (30 homens e 27 mulheres) com idade entre 18 e 35 anos que participaram inicialmente de um programa de TP durante 16 semanas. Após este período eles foram divididos aleatoriamente, de maneira duplo-cega e balanceada pelo sexo, em dois grupos para receberem suplementação de Cr (monohidratada) ou placebo (maltodextrina), formando então quatro grupos, sendo, homens creatina (HCR), homens placebo (HPL), mulheres creatina (MCR) e mulheres placebo (MPL). O período de suplementação teve uma duração de oito semanas, sendo que os indivíduos continuaram engajados no TP. Durante os primeiros cinco dias os sujeitos ingeriram 20 g/dia de Cr ou placebo em quatro doses iguais de 5 g, separadas a cada 3-4 horas. Nos 51 dias subseqüentes uma única dose de 3 g foi consumida. Antes e após o período de suplementação, foram realizadas medidas de composição corporal (DEXA), hidratação (Água corporal total e intracelular – ACT e AIC), força máxima (1-RM) e resistência de força (quatro séries com 80% de 1-RM). Após o período de suplementação os participantes fizeram uma sessão de exercício com pesos de alta intensidade. Amostras de sangue foram coletadas antes, imediatamente após e uma hora após o protocolo de exercício para dosagem de marcadores de estresse oxidativo. As concentrações plasmáticas de Cr estavam aumentadas, no grupo que ingeriu Cr, em aproximadamente 1,5 vezes após as oito semanas de suplementação (P < 0,05), quando comparados ao placebo. Interação significante tempo vs. suplemento (P < 0,01) foi verificada na MIG, indicando ganhos na ordem de 2,3 e 2,5 em MCR e HCR, respectivamente. De forma similar, interação significante tempo vs. suplemento (P < 0,05) foi verificada na ACT e AIC, indicando ganhos na ordem de 3,9 e 3,7% e 6,5 e 5,9%, em MCR e HCR. Interações significantes tempo vs. sexo vs. suplemento (P < 0,01) foram encontradas nos valores de 1-RM no supino e na rosca direta, com ganhos na ordem de 11% e 9,1%, respectivamente, no grupo HCR. Interação significante tempo vs. suplemento (P < 0,01) foi encontrada na somatória da carga levantada em testes de 1-RM nos três exercícios analisados (HCR = +8,5% e MCR = +8,3%). Nenhuma alteração foi encontradas nos indicadores de resistência muscular. Da mesma forma, a Cr não foi capaz de reverter a elevação, causada pelo exercício, dos marcadores de estresse oxidativo. Os resultados do presente estudo sugerem que a suplementação de Cr pode maximizar os ganhos de MIG, MIGO, ACT, AIC e força máxima em sujeitos treinados em TP, independente do sexo. Os homens suplementados com Cr apresentaram maiores ganhos na força muscular de membros superiores do que as mulheres. Entretanto, a suplementação de Cr parece não melhorar a resistência à fadiga em exercícios com pesos, bem como os marcadores de estresse oxidativo em indivíduos treinados. 

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