Resumo

A associação de exercícios aeróbios e de força em um programa de treinamento é denominada treinamento concorrente (TC). Apesar de muitos atletas utilizarem esse tipo de treinamento, há indícios de que essa combinação possa ocasionar prejuízo no desenvolvimento força. Uma das hipóteses para explicar esse fenômeno é a hipótese aguda, que atribui o prejuízo nos ganhos de força a uma redução no desempenho da força em sessões agudas, embora estudos com participantes com diferentes históricos de treinamento tenham apresentado resultados distintos. Assim, o presente estudo teve por objetivo analisar o efeito do tempo de intervalo entre uma atividade aeróbia de alta intensidade sobre a capacidade de produzir força, em indivíduos com diferentes estados de treinamento. Para tal, os participantes (n=27) foram divididos em três grupos quanto aos seus históricos de treinamento (aeróbio, força e concorrente) e submetidos a oito sessões para: (1) determinação da velocidade pico (Vpico) durante teste progressivo até a exaustão; (2) teste de uma repetição máxima (1RM) no meio agachamento; (3-8) sessões experimentais determinadas aleatoriamente, sendo uma sessão destinada à realização de um exercício de resistência de força (RF) a 80% de 1RM no qual foi computado o número máximo de repetições realizadas (NMR), o volume total absoluto e relativo realizados; cinco sessões compostas de exercício aeróbio intermitente (100% da Vpico 1 min/1min) totalizando 5 km, seguido do exercício de resistência de força variando o tempo de intervalo entre as atividades (30, 60 minutos, 4, 8, e 24 horas). A comparação do NMR e do volume total absoluto e relativo ao peso corporal realizado foi feita através da ANOVA a dois fatores (grupo e tempo) com medidas repetidas no segundo fator. Quando observada diferença significante (p<0,05), foi realizado o post-hoc de Bonferroni. Não houve efeito de interação entre os fatores grupo e intervalo para as variáveis analisadas, no entanto houve efeito do fator grupo para o NMR sendo que o grupo aeróbio realizou NMR superior ao grupo força (p = 0,002) ao passo que para o volume total absoluto e relativo não houve efeito deste fator. Para o fator intervalo houve efeito para todas as variáveis, existindo queda do NMR (p = 0,002) e do volume relativo (p <0,001) somente após o intervalo de 30 minutos, ao passo que para o volume absoluto houve queda após 30 (p < 0,001) e 60 minutos de intervalo (p = 0,026). Portanto pode-se concluir que a queda no desempenho da atividade de RF ocorreu com mesma magnitude e duração para os grupos analisados (aeróbio, força e concorrente) perdurando por até 60 minutos de intervalo, ao passo que após os intervalos de 4, 8 e 24 horas não foi verificada queda do desempenho

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