Resumo

Este estudo teve como objetivo investigar o efeito do tempo de prática (indivíduos somente com tempo de prática adaptativo e com curto tempo de prática) e de indicadores metodológicos de treinamento (quilagem relativa, número de séries, intervalo recuperativo entre séries e diferentes exercícios) sobre o número de Repetições Máximas (nRM) obtidas por série em adultos jovens de ambos os sexos. Para tal foram avaliados 140 indivíduos com idade entre 18 e 30 anos assim segmentados: a) 100 (cem) indivíduos (30 homens com somente Tempo de Pratica Adaptativo (TPA) aos Exercícios Resistidos com Pesos (ERP) e 20 homens com Curto Tempo de Prática (CTP), sendo o mesmo número para mulheres) para estabelecer o nRM em quilagem relativa de 90, 80 e 60% de uma repetição máxima (1RM), observando-se o efeito do sexo, tempo de prática (TPA e CTP) e diferentes exercícios sobre os resultados (1º objetivo específico). b) 40 (quarenta) indivíduos (20 homens e 20 mulheres) TPA aos ERP para avaliar o efeito de diferentes intervalos recuperativos entre séries (um e três minutos) sobre o nRM em quilagem relativa de 80 e 60% de 1RM, observando-se o efeito do sexo e de diferentes exercícios sobre os resultados (2º objetivo específico). Todos os sujeitos assinaram termo de consentimento livre e esclarecido. Os indivíduos com TPA do 1º objetivo específico foram adaptados aos ERP com oito a onze sessões de treinamento e, em dia posterior, aplicado o teste de 1RM seguindo protocolo de Moura et al.(1997), após esta testagem foram calculados os valores de 90, 80 e 60% de 1RM e realizados os testes correspondentes de Repetições Máximas (RM) em dias diferentes. Para os indivíduos com CTP somente duas sessões de adaptação sinestésica e aplicação dos testes de 1RM e RM a 90, 80 e 60% de 1RM. Para o 2º objetivo específico a amostra foi adaptada de oito a onze sessões, aplicado o teste de 1RM e calculado os valores de 80 e 60% de 1RM. Com intervalos de um e três dias aplicou-se quatro testes de RM na execução de três séries da seguinte forma: 80% de 1RM com três minutos de intervalo entre séries, 60% de 1RM com três minutos entre séries, 80% de 1RM com um minuto de intervalo e 60% de 1RM com um minuto de intervalo. A análise deste estudo foi realizada em 10 exercícios diferentes para o 1º objetivo específico: extensão de joelhos rosca tríceps, puxada frontal, pressão de pernas, flexão de joelhos, abdução e adução de quadril, voador frontal e invertido, e supino horizontal, sendo que para o 2º objetivo específico somente os quatro primeiros. O tratamento estatístico foi segmentado para o 1º e 2º objetivo específicos. No 1º objetivo específico, uma Analise de Variância (ANOVA) tetrafatorial (com fatores quilagem relativa, sexo, tempo de prática e diferentes exercícios) para medidas repetidas no 1º e 4º fator foram produzidas para uma análise global das variâncias e após ANOVAs bifatoriais foram conduzidas sobre os fatores para uma análise pormenorizada. Para o 2º objetivo específico o mesmo processo foi realizado, inicialmente uma ANOVA pentafatorial (quilagem relativa, intervalo recuperativo entre séries, séries, diferentes exercícios e sexo) para medidas repetidas no 1º, 2º, 3º e 4º fatores foi realizada no intuito de uma análise global das variâncias, após ANOVAs bifatoriais pormenorizaram a análise. Os resultados do 1º objetivo específico demonstraram que a variável quilagem relativa tem efeito altamente significativo (p<0,0001) sobre o nRM, a variável diferentes exercícios também apresentou-se como um fator que produz efeito significativo (p<0,001) sobre o nRM estando o esforço em uma mesma quilagem relativa, a variável tempo de prática aos ERP não apresentou efeito significativo (p>0,05) sobre o nRM, e ainda a variável sexo, somente apresentou efeito significativo (p<0,05) sobre o nRM quando a quilagem relativa estava a 60% de 1RM. Os resultados do 2º objetivo específico demonstraram que o efeito do intervalo recuperativo entre séries de um minuto apresentou maior impacto sobre o declínio no nRM do que em três minutos, isto em ambas as quilagens relativas, ambos os sexos e independentemente do tipo de exercício executado. O nRM foi significativamente diferente (p<0,05) entre as diferentes quilagens relativas entre as diferentes séries executadas, entre os diferentes intervalos de recuperação analisados e entre os diferentes exercícios avaliados. A variável sexo, muito embora significativa, apresentou menor efeito sobre o nRM já que seu efeito principal foi o mais baixo entre os cinco fatores analisados, e quando incorpora como segundo ou terceiro fator de uma interação com os demais fatores diminuiu a significância da interação. Conclui-se que o nRM varia significativamente em função dos indicadores metodológicos do treino: quilagem relativa, diferentes exercícios, séries executadas, intervalos recuperativos; sendo que, para a prescrição do treinamento estas variáveis devem ser analisadas com cuidado. Indivíduos com tempo de prática adaptativo ou com curto tempo de prática respondem de forma similar entre diferentes exercícios e quilagem relativa com relação ao nRM. O sexo torna-se uma variável diferenciadora do nRM somente na quilagem relativa de 60% de 1RM. E o impacto do intervalo recuperativo em execuções seriadas tem efeitos mais significativos quanto menor for este intervalo independentemente da quilagem relativa, do exercício realizado e do sexo do praticante.

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