Resumo

FUNDAMENTO: Para o tratamento correto da Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), independente da utilização de agentes farmacológicos, exige-se a mudança nos hábitos de vida, com ênfase na prática de exercícios físicos, algo que tem sido negligenciado. OBJETIVO: Avaliar o efeito do tratamento exclusivo com exercício físico na pressão arterial e qualidade de vida de portadores de HAS. MÉTODO: 32 hipertensos sedentários, 55±9 anos, sob tratamento farmacológico, foram consecutivamente alocados em 2 grupos: Grupo Exercício (GE) e Grupo de Tratamento Farmacológico (GTF). No GE, com 18 indivíduos (50% mulheres), após período de até 10 dias de interrupção do tratamento farmacológico foi iniciado um programa de exercício físico (PEF). O PEF teve duração de 10 semanas, freqüência de 3x/semana, com sessões de 30 minutos de exercício aeróbio, realizados em pista de caminhada, com intensidade controlada pela freqüência cardíaca do limiar anaeróbio e exercícios resistidos a 50% de 1RM, realizados em 2 séries de 12 repetições. Os 14 indivíduos do GTF (57% mulheres), se mantiveram sob tratamento com fármacos. Foram avaliadas PAS e PAD, no início e final do estudo, pelo método auscultatório clássico e QVRS pelo questionário MINICHAL. Os dados foram expressos por M ± DP, usou-se teste t, U de Mann Whitney e Wilcoxon, considerou-se p<0,05 significativo. RESULTADOS: Não houve diferença na PAS e PAD entre os grupos no início e final do estudo. No GE, após o PEF, os valores pressóricos mantiveram-se semelhantes aos valores iniciais em uso de fármacos, sem diferença estatística (132,2±13,3 x 134,4 ± 9,9 mmHg para PAS e 85,0±9,1 x 85,3±9,7 mmHg para PAD). No GTF os valores também se mantiveram semelhantes (127,2±19,3 x 130,2±15,9 mmHg para PAS e 82,1±15,7 x 85,3±12,1 mmHg para PAD) sem diferença significativa. Na análise entre os grupos não houve diferença nos escores de QVRS tanto no início como ao final do estudo. Na análise intragrupo, houve melhora significativa no domínio estado emocional apenas no GE (p=0,02). CONCLUSÃO: O exercício físico foi equivalente ao tratamento farmacológico no controle da pressão arterial e a qualidade de vida relacionada à saúde melhorou apenas nos sujeitos do grupo exercício.