Efeito do Treinamento Físico Aeróbio Sobre o Sistema Renina-angiotensina em Modelo Genético de Cardiomiopatia Induzida Por Hiperatividade Simpática
Por Patricia Chakur Brum (Autor), Katt Coelho Mattos (Autor), Julio Ferreira (Autor), Marcelo Gomes Pereira (Autor).
Em XI Congresso de Educação Física e Ciências do Desporto dos Países de Língua Portuguesa
Resumo
Introdução: A insuficiência cardíaca (IC) é a via final da maioria das cardiomiopatias
e representa um importante problema de saúde pública, devido à crescente
morbimortalidade associada. A descrição da hiperatividade do sistema nervoso
simpático (SNS) e do sistema renina-angiotensina (SRA) na IC é clássica, resultando
em deterioração da função cardíaca e remodelamento ventricular com degradação
de cardiomiócitos e fibrose. O treinamento físico aeróbio (TF) mostra-se eficaz na
terapia da IC, reduzindo a hiperatividade do SNS, no entanto pouco se conhece
sobre seus efeitos no SRA. Objetivos: Avaliar o efeito do TF sobre o SRA em
camundongos com deleção dos genes dos receptores á2A/á2C-adrenérgicos (KO),
os quais apresentam cardiomiopatia induzida por hiperatividade simpática associada
à disfunção ventricular e taxa de 50% de mortalidade aos 7 meses de idade. Material
e Métodos: Camundongos controle (WT, n=15) e KO (n=14) (C57/BL6),
subdivididos em sedentários (S) e treinados (T) foram estudados dos 3 aos 5 meses
de idade, onde a cardiomiopatia encontra-se em fase inicial. O TF foi realizado em
esteira rolante a 60% da velocidade máxima durante 8sem, 1h/dia, 5dias/sem. Para
avaliação da tolerância ao esforço físico realizou-se teste progressivo máximo em
esteira (velocidade inicial de 6 m/min com incrementos de 3 m/min a cada 3 min
até a exaustão).A freqüência cardíaca (FC) foi avaliada por pletismografia de cauda;
a atividade da enzima conversora de angiotensina (ECA) no coração e soro por
fluorimetria e a atividade da renina plasmática por radioimunoensaio. Resultados: O
grupo KOS apresentou intolerância ao esforço físico (20,4±1 vs. 26±0,5 m/min),
taquicardia em repouso (674±22 vs. 594±16 bpm) e maior atividade da ECA local
(15247±1032 vs. 12593±1123 uF/min/ml/mg), quando comparado ao WTS. O
TF melhorou a tolerância ao esforço (WT 24,3±0,5 vs. 30,4±1m/min; KO 26±0,5
vs. 33±0,9m/min); normalizou a FC (674±22 vs. 412±9 bpm) e reduziu a atividade
da ECA local no grupo KO (15247±1032 vs. 9106±453 uF/min/ml/mg), porém
não modificou a atividade da ECA circulante. Além disso, o TF aumentou a atividade
da renina plasmática no grupo KO (KOT 12,82±2,73 vs. KOS 4,07±0,95 ng/ml/
h). Conclusões: A hiperatividade do SNS nos camundongos KO é acompanhada
de hiperatividade do SRA e acompanha-se de intolerância aos esforços e taquicardia.
O TF previne o desenvolvimento de intolerância ao esforço e normaliza a freqüência
cardíaca e a atividade de ECA cardíaca.