Resumo
O objetivo de nosso estudo foi verificar o efeito da corrida de ultraendurance de 24 horas na resposta dos biomarcadores de inflamação e lesão tecidual entre corredores de Elite e Amadores. Os biomarcadores creatina quinase total (CK), CK fração MB, Pro-BNP, Troponina T, Proteína C reativa (CRP), Fibrinogênio, Creatinina, Uréia, AST, TGP e Cortisol foram avaliados pré e após corrida de 24 horas em três grupos de atletas. O Primeiro grupo de Atletas Elite foi composto por 11 homens com idades 41,3 ± 9,1 anos, massa corporal de 74 ± 9,4 kg, estatura de 174,3 ± 6,4 e tempo de prática de ultra-endurance a 4,3 ± 4 anos. O segundo grupo de Atletas amadores (AMA-H) foi composto por 14 homens com idades entre 43,1±8,7 anos, massa corporal de 75,7±9,4, estatura de 173,5±5,5 e tempo de prática de ultra-endurance a 4,5±5,8 anos. O terceiro grupo de Atletas amadores (AMA-F) foi composto por 10 mulheres com idades entre 50,7± 10,7 anos, massa corporal de 58,4±8,2, estatura de 157,5±6,1 e tempo de prática no ultra-endurance de 7,4±2,2 anos. As amostras de sangue foram coletadas 1 hora antes e imediatamente após a corrida. As amostras foram coletadas e analisadas por profissionais especializados da área da saúde. Para as análises de diferenças estatisticamente significantes intra grupo (pré vs. Pós) foi utilizado o teste t de Student pareado. Para a análise intergrupo pós corrida (Elite vs. Amador M e Amador F) foi utilizado a análise de variância ANOVA one-way com post-hoc de Tukey e Kruskal-wallis ANOVA com Post-Hoc de Ficher. O nível de significância adotado foi de P<0,05 Ao Final da Ultramaratona de 24 horas de corrida, o grupo Elite percorreu uma distância média de 158,7 ± 15,7 km, o grupo AMA-H percorreu uma média de 116,7±10,1 km enquanto o grupo AMA-F percorreu em média 101,9 ± 18,2 km. Quando comparado os biomarcadores pós corrida, os resultados foram: CK Total (Elite 7388,6 ± 6484,2 UL vs. AMA-H 2895,9±3199 UL vs. AMA-F 2499 ± 3879 UL), CK-MB (Elite 100,2±76,3 mg/ml vs. AMA-H 28,3±32,6 mg/ml vs. AMA-F 43,4 ± 70,4 mg/ml), Pro-BNP (Elite 532,9 ± 314,6pg/ml vs. AMA-H 220,4±237,8 pg/ml vs. AMA-F 396,5 ± 293,9 pg/ml), Troponina T (Elite 0,012 ng/ml vs. AMA-H 0,005±0,002 ng/ml vs. AMA-F 0,0124 ng/ml), Proteína C (Elite 0,10±0,10 ng/dl vs. AMA-H 0,06±0,05 ng/dl vs. AMA-F 1,84±1,0 dg/ml) , Fibrinogênio (Elite 338±60 mg/dl vs. AMA-H 347±66,2 mg/dl vs. AMA-F 325 ± 58,1 mg/dl), creatinina (Elite 1,01±0,3 mg/dl vs. AMA-H 0,86±0,3 mg/dl vs. AMA-F 0,86 ± 0,2 mg/dl), Uréia (Elite 57±20,9 ng/dl vs. AMA-H 41,5±11 ng/dl vs. AMA-F 47,4 ± 9,7 ng/dl) TGO-AST (Elite 209,8±151,4U/L vs. AMA-H 101,3±117 U/L vs. AMA-F 99,2 ± 143,5 U/L), TGP-ALT (Elite 32,9±18,6 U/L vs. AMA-H 19,7±17,6 U/L vs. AMA-F 20,9 ± 20,5 U/L) e cortisol (Elite 23,34 ± 11,4μ/dl vs. AMA-H 13,85± 8,72 μ/dl vs. AMA-F 16,33 ± 7,4 μ/dl). Por meio destes resultados apresentados, ambos os grupos apontaram danos cardíacos expressivos, tendo o grupo AMA-F apresentado uma maior tendência em valores de danos cardíacos quando comparados com AMA-H. Concluímos que os resultados foram significativamente maiores no grupo de atletas de elite para os biomarcadores de inflamação e lesão tecidual, sendo esta resposta, diretamente relacionada à maior distância percorrida quando comparado aos grupos de atletas amadores. Também, o percentual de mudanças entre homens e mulheres amadores é similar, não mostrando diferenças significativas para todos os biomarcadores analisados. Diante destes dados, atenções especiais às mulheres devem ser dadas em competições de ultraendurance, pois os biomarcadores cardíacos mostraram-se bastantes elevados comparados aos homens.