Resumo
Fundamentos: A prescrição de sessões de exercício aeróbio e resistido conjuntamente numa única sessão, o que é conhecido como sessão de exercícios concorrentes, tem sido amplamente utilizada para obtenção de adaptações na potência aeróbia combinada com ganhos na força muscular. Contudo, a prescrição das séries de forma isolada não leva em consideração possíveis efeitos de um modo de exercício sobre o outro, com possíveis efeitos fisiológicos de maior magnitude e com maior gasto energético consequente. O objetivo do presente estudo foi investigar o comportamento do gasto calórico, respostas cardiovasculares, respostas perceptivas de esforço e tempo total de execução entre o treinamento concorrente no modo força seguido de aeróbio (FxA) e no modo circuito, fracionando as sessões concorrentes em três séries intercaladas. Métodos: Participaram voluntariamente 10 indivíduos fisicamente ativos, não atletas, com idade média e DP (27 ± 5 anos), massa corporal média e DP (77,9 ± 13,8 kg) e média do índice de massa corporal e DP (25,75 ± 3,16 kg/m2). Nas três primeiras visitas foram realizadas, a cada dia: avaliação física, teste cardiopulmonar de exercício, teste e reteste de 12 repetições máximas (RM), com intervalos de 48h entre cada visita. A 4º e a 5º visitas foram destinadas às sessões experimentais, nos modos FxA e ao circuito em ordem alternada. O exercício aeróbio, para ambas as sessões experimentais, foi realizado à velocidade de 70% do consumo de oxigênio (VO2) de reserva, determinada para uma sessão isocalórica de 300 Kcal. Os exercícios resistidos, também para ambas as sessões experimentais, foram: voador peitoral, agachamento, remada curvada, leg press, rosca bíceps e rosca tríceps a 80% de 12RM. Com 3 séries de 12 repetições com intervalo de 2 minutos entre elas e 3 minutos entre exercícios para o formato (FxA). O circuito foi executado da seguinte maneira: uma série de cada exercício de força com 20 segundos de recuperação, seguidos de uma sessão do exercício aeróbio com 100 Kcal, sendo repetida por 3 vezes. Foram coletadas continuamente no repouso, durante e após as sessões concorrentes, o VO2 e a frequência cardíaca (FC). A pressão arterial (PA) foi medida a cada 5 minutos no repouso e no pós-exercício. A percepção subjetiva de esforço (PSE) foi medida pela escala de Borg (0-10). Para comparar os efeitos do modo de exercício e do tempo, utilizou-se uma ANOVA two-way para medidas repetidas com um post-hoc de Scheffe, e um teste-t quando apropriado, assumindo um valor de p < 0,05 para significância estatística. Resultados: A média e o DP do gasto calórico total das sessões FxA e circuito foram semelhantes (457,8 ± 39,5 vs 434,1 ± 20,7 Kcal, respectivamente, P = 0,09). O tempo total de exercício foi 35% menor no modo circuito (P < 0,05). O gasto calórico mensurado a cada minuto de execução para o exercício de força foi de 3,17 ± 0,66 para FxA vs 5,49 ± 1,07Kcal para circuito (p < 0,0001). A FC apresentou maior elevação durante o exercício resistido, principalmente na segunda e na terceira séries do modo circuito, comparado ao modo FxA (P < 0,05). A percepção subjetiva de esforço (PSE) foi maior durante o FxA do que no circuito (P < 0,05). Após as sessões de exercício não foi observada redução na PA nos modos circuito com média e DP (83,1 ± 8,0mmHg) e FxA média e DP (84,8 ± 9,6mmHg) em comparação ao repouso, média e DP (86,1 ± 7,1mmHg, P=0,52). Conclusão: O gasto calórico total foi semelhante nos modos FxA e circuito. Porém este último foi realizado em menor tempo devido maior magnitude no consumo de oxigênio durante o exercício de força e menor tempo de recuperação entre os exercícios. Estes achados sugerem que, para o protocolo executado, devem ocorrer efeitos fisiológicos aditivos quando séries de exercício concorrente são prescritas e que este fenômeno é mais evidente durante o exercício de resistência do modo circuito.