Resumo
As lutas competitivas e as sessões de treino de judô exigem elevada demanda metabólica e neuromuscular dos atletas. Os esforços realizados nessas situações são intermitentes e na maior parte do tempo em alta intensidade. Isso pode gerar alterações fisiológicas agudas no organismo, como fadiga, cansaço excessivo e até queda no desempenho. Desse modo, este estudo objetivou investigar os efeitos agudos de uma sequência de lutas e de uma sessão de treino de judô sobre indicadores de fadiga e dano muscular. Participaram 30 atletas de judô do sexo masculino, sendo 20 do estudo 1 (efeitos das lutas em indicadores de fadiga e dano muscular) e 10 do estudo 2 (efeitos da sessão de treino em indicadores de dano muscular). O estudo 1 foi composto por 3 lutas de 5 min com 15 min de intervalo entre elas. Foram realizadas as seguintes avaliações antes e após cada luta: torque isocinético no movimento de rotação externa/interna de ombro, salto vertical (CMJ) e coleta sanguínea para análise das enzimas creatina-quinase (CK) e lactato desidrogenase (LDH). O estudo 2 foi composto por uma sessão de treino de 90 min, no qual foram identificadas concentrações de lactato sanguíneo e percepção subjetiva de esforço (PSE da sessão) logo após a sessão (indicadores da carga interna de treino). Além disso, foram realizadas as seguintes avaliações antes e 48h após a sessão de treino: torque isocinético no movimento de rotação externa/interna de ombro, CMJ, coleta sanguínea (análise da CK), escala visual de dor e percepção subjetiva de recuperação (PSR). Utilizou-se teste t para amostras dependentes, teste de Wilcoxon e análise de variância para medidas repetidas, a fim de realizar as comparações antes e após as lutas e sessão de treino. Em relação às sucessivas lutas, foi encontrada redução nos valores de torque de rotação interna (PTIN) e externa (PTEX) do ombro na pós-luta 2 e pós-luta 3 em relação à pré-luta (p<0,01). O percentual de redução foi de 5,3% no PTEX e 3,9% no PTIN após a luta 3 em relação à pré-luta. Verificou-se diminuição nos valores de altura no CMJ na pós-luta 2 e pós-luta 3 em relação a pré-luta (p<0,01). O percentual de redução foi 3,2% após a luta 3 em relação à pré-luta. As concentrações séricas das enzimas CK e LDH aumentaram significativamente após a terceira luta (p<0,05). Com relação à sessão de treino, foi encontrado pico de lactato sanguíneo de 8,60 ± 2,37 mmol.L-1 e PSE-sessão de 8, considerado muito difícil. Observou-se redução significativa da altura no CMJ 48h após a sessão (p=0,02), não sendo verificadas alterações nas variáveis do torque de rotação externa/interna do ombro (p>0,05). Houve aumento da concentração sérica da CK e da percepção de dor tardia, assim como diminuição da percepção de recuperação 48h póstreino (p<0,01). De modo geral, pode-se concluir que três lutas em sequência foram causadoras de fadiga tanto nos membros superiores quanto inferiores e capazes de provocar danos na musculatura esquelética. A sessão de treino provocou dano muscular nos membros inferiores, não sendo reportado nos membros superiores.