Resumo

O treinamento de força (TF) é uma forma de exercício eficaz para o ganho de força muscular e hipertrofia. Para que se obtenha os benefícios máximos do TF, preconiza-se que ele seja realizado com cargas maiores que 65% de uma repetição máxima (1RM), entretanto existem populações que não suportam cargas elevadas. O TF com restrição de fluxo sanguíneo (RFS) surge como uma alternativa ao TF com altas cargas, pois se caracteriza pela utilização de cargas menores que 30% de 1RM associado com a RFS para promover ganhos de força e hipertrofia similares ao TF convencional. Pessoas com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) podem se beneficiar desse tipo de exercício já que apresentem disfunção muscular periférica, que gera diminuição do desempenho físico, entretanto não suportam as altas cargas do treinamento convencional. O objetivo deste estudo foi analisar os efeitos crônicos do treinamento de força com restrição de fluxo sanguíneo sobre o desempenho físico de pessoas com DPOC. Trata-se de um ensaio clínico randomizado, controlado, paralelo e duplo-cego, no qual 17 sujeitos (64,56±7,32 anos) diagnosticados com DPOC moderada ou grave foram divididos em três grupos sendo eles: BCRFS ? TF a 30% de 1RM com 50 % de RFS; MC ? TF a 60% de 1RM; e C ? controle. A intervenção durou 6 semanas com duas sessões semanais de exercício nas quais os grupos BCRF e MC realizaram os exercícios de extensão do joelho e flexão do cotovelo. Para a análise estatística foram utilizados o teste de Shapiro-Wilk para verificar a normalidade dos dados e o ANOVA two-way com posthoc de Bonferroni para as possíveis diferenças nas variáveis de interesse. A análise foi realizada no SPSS 22.0 com valor de significância de p<0,05. Não foram observadas diferenças significativas no volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1), relação VEF1/CVF (capacidade vital forçada) nem na escala de dispneia do mMRC. O nível de dispneia medido pelas escalas modificada de Borg e Dyspnoea-12 e o desempenho no teste de caminhada de 6 minutos melhoraram nos grupos BCRFS e MC (p<0,05). Em relação à força dinâmica máxima, os grupos BCRFS e MC melhoraram os valores de 1RM para os movimentos de extensão do joelho e flexão do cotovelo (p<0,001) e na extensão do cotovelo, foi observado ganho de força apenas no grupo BCRFS (p<0,001). Conclui-se que o TF com RFS é eficaz para a melhora no desempenho físico de pessoas com DPOC e superior ao TF de MC nas variáveis: dispneia, desempenho funcional e força. 

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