Resumo
Resumo: A fototerapia tem despertado o interesse da comunidade acadêmica e clínica, devido aos seus efeitos de importância biológica no âmbito da saúde e do esporte. Especula-se, atualmente, que os efeitos biológicos da fototerapia são dependentes do estímulo de fotoceptores presentes nas células irradiadas, denominados cromóforos, capazes de absorver luz nos seus diferentes espectros. Dentre os cromóforos mais debatidos na literatura vigente está a citocromo c oxidase (COX), enzima capaz de dissociar-se da molécula óxido nítrico (NO) quando irradiada, promovendo o aumento da atividade da cadeia respiratória mitocondrial. O NO dissociado, por sua vez, afeta numerosos processos fisiológicos de importância biológica nos seres vivos, com destaque para seus efeitos na tonicidade vascular. A relação entre fototerapia, NO, e vasotonicidade, contudo, tem sido estudada através de experimentos científicos com modelos animais, e em casos raros, com seres humanos, focando-se, basicamente, na macrocirculação, negligenciando o papel crucial da microcirculação no âmbito da saúde e desempenho humano. Com o surgimento de ferramentas capazes de determinar a hemodinâmica microvascular e a oxigenação tecidual na musculatura esquelética humana, como a espectroscopia por infravermelho próximo (NIRS), novas fronteiras foram abertas no estudo da microcirculação in vivo. Usando a tecnologia NIRS associada com a oclusão vascular, o presente documento investigou os efeitos da fototerapia nos parâmetros hemodinâmicos microvasculares e oxigenação tecidual na musculatura esquelética humana. Especificamente, efeitos da aplicação aguda da fototerapia por LED, usando diferentes comprimentos de onda e energia irradiada, na função microvascular foram analisados. Doze adultos, sexo masculino, foram convidados a participar do estudo, o qual foi composto por sete sessões experimentais. Em cada sessão, após aplicação de fototerapia por LED de luz vermelha (630 NM) e infravermelha (940 NM) de diferentes densidades energéticas (4 J.CM-2, 9 J.CM-2, e 18 J.CM-2) ou sham, teste de oclusão vascular foi realizado, e incluiu 3 min repouso, 5 min vasoclusão, e 5 min reperfusão. Mudanças nas concentrações relativas de hemoglobina (HB) e mioglobina (MB), total (TOTAL-[HB+MB]), oxigenada (OXY-[HB+MB]), e desoxigenada (DEOXY-[HB+MB]), foram obtidas via NIRS, e usadas para a determinação de saturação tecidual de O2 (STO2) e, de modo indireto, da responsividade microvascular, um parâmetro reconhecidamente associado com a saúde vascular. Em suma, os achados deste estudo demonstraram que a responsividade microvascular não foi modulada pela fototerapia, independente do comprimento de onda e dose irradiada. Neste contexto, baseado nos resultados expostos na presente pesquisa, pode-se concluir que a fototerapia é uma estratégia potencialmente ineficaz na modulação da função microvascular e otimização da saúde vascular em seres humanos.