Resumo

O objetivo do presente estudo foi investigar os efeitos crônicos da ingestão de álcool sobre as alterações centrais das monoaminas de ratos em repouso e sobre o desempenho aeróbico e respostas termorregulatórias durante o exercício físico de intensidade progressiva. Foram utilizados ratos Wistar adultos (n = 20), divididos em dois grupos: I- álcool crônico (ETOH; n = 10), submetido à ingestão crônica de álcool por 12 semanas; II- controle (H2O; n = 10), submetido à ingestão de água durante o mesmo período. Dados de massa corporal e ingestão alimentar e de líquidos foram registrados em uma frequência semanal de 3 vezes. Antes de seres alocados aos grupos experimentais e a cada 4 semanas das intervenções, os ratos foram submetidos a uma situação experimental que consistiu de exercício progressivo em temperatura ambiente de 24ºC. O exercício foi iniciado a uma velocidade de 10 m/min, a qual foi aumentada em 1 m/min a cada 3 minutos até que os animais fadigassem. Durante o exercício, a temperatura colônica, utilizada como índice da temperatura corporal interna, e a temperatura da pele da cauda, utilizada como índice da dissipação cutânea de calor, foram registradas a cada minuto. Setenta e duas horas após o último exercício progressivo, os ratos foram eutanasiados e o cérebro armazenado para as dosagens das concentrações de monoaminas por cromatografia líquida de alta eficiência. A ingestão crônica do álcool atenuou o ganho de massa dos animais ao longo das 12 semanas, o que possivelmente foi causado pelo menor consumo de ração e líquidos. O desempenho físico dos ratos, determinado a partir da medida do tempo até a fadiga ou do cálculo do trabalho, não foi alterado pelo consumo crônico de álcool quando comparado ao consumo de água. O aumento da temperatura interna induzido pelo exercício físico foi atenuado pelo consumo de álcool em comparação ao consumo de água somente após 4 semanas. Nos exercícios realizados após 8 e 12 semanas, essa atenuação foi observada apenas no momento da fadiga. A temperatura da cauda e a temperatura colônica limiar para dissipação cutânea de calor durante o exercício não foram alteradas nos ratos tratados com álcool. Além disso, as concentrações centrais de noradrenalina, dopamina, serotonina e os seus respectivos metabólitos não foram alteradas pelo tratamento com álcool. Nós concluímos que o consumo crônico de álcool, nas condições do presente estudo, afeta no ganho de massa corporal, mas sem influenciar o desempenho aeróbico dos ratos. Além disso, a termorregulação foi minimamente alterada durante o exercício e não foram observadas alterações nas monoaminas centrais avaliadas em repouso.

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