Resumo
Indivíduos com lesão da medula espinhal (LME) apresentam elevados níveis de sedentarismo relacionados ao déficit do controle motor e limitações em habilidades funcionais causadas pela lesão, dificuldades de acesso a locais públicos e infraestrutura inadequada, que agravam o problema de locomoção. Esse perfil sedentário aliado as complicações da LME são fatores de risco à saúde nesta população. Todavia através do exercício físico regular seja por meio esporte de rendimento, treinamento de força, treinamento aeróbio, treinamento combinado entre outros, tem-se identificado melhoras na aptidão física relacionada à saúde em indivíduos com LME. Apesar disto, não são encontrados estudos que identifiquem se a prática regular de esporte adaptado sem foco no rendimento esportivo traz resultados positivos na aptidão física e; também não são esclarecidos se os exercícios combinados realizados duas vezes por semana, por período de 10 semanas e sem intervenção nutricional causam efeitos significativos na aptidão física de indivíduos sedentários com LME torácica. No capítulo 4, propomos identificar os efeitos do treinamento através da prática não estruturada do handebol em cadeira de rodas (HCR) na aptidão física de indivíduos com LME a nível torácico. A amostra foi composta por quatro voluntários com LME (T3-T8) os quais realizaram a prática não estruturada do HCR por 46 sessões com frequência semanal de duas vezes. Significativas melhoras foram encontradas nas variáveis antropométricas MC (p=0,05), IMC (p=0,06) e somatória de pregas cutâneas (p=0,07), mas não foram suficientes para reduzir fatores de risco cardiovasculares como a razão androide/ginoide e a gordura central preditas por DXA. Quanto ao perfil lipídico houve redução significativa dos níveis de glicose sanguínea (p=0,01) e um aumento importante dos níveis de HDL, porém não significativo com níveis abaixo do considerado adequado. A força muscular e a capacidade aeróbia também foram avaliadas e não houve melhoras para nenhuma das variáveis, somente foi encontrado aumento significativo na taxa de troca respiratória (p= 0,00) que pode estar relacionada ao tipo de estímulos propostos no treinamento. Através deste estudo podemos concluir que o treinamento de handebol em cadeira de rodas não estruturado, não influencia significativamente na composição corporal, força muscular e capacidade aeróbia, no entanto, possibilita a manutenção de algumas variáveis importantes para a saúde. No capítulo 5 o objetivo foi identificar os efeitos do treinamento combinado em indivíduos sedentários com LME a nível torácico. A amostra foi composta por cinco voluntários (T4-T9) que realizaram o TC duas vezes por semana por um período de 10 semanas. Nossos resultados demonstraram que esta proposta de treinamento possibilita melhoras positivas e significativas para as variáveis de força muscular e capacidade aeróbia, porém parece não interferir na composição o que pode estar relacionada ao desequilíbrio entre a ingestão e o gasto calórico. Os resultados desta tese permitem identificar a efetividade de exercícios físicos distintos sobre a aptidão física relacionada a saúde de indivíduos com LME a nível torácico, acrescentando informações a literatura existente, com o intuito de contribuir para melhora da qualidade de vida desta população.
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