Resumo

A obesidade, devido ao excesso de tecido adiposo na região toracoabdominal, pode promover alterações na mecânica respiratória e na função pulmonar, levando à redução de volumes e capacidades pulmonares. Tais disfunções agravam-se após a cirurgia bariátrica por associar-se a fatores inerentes a esse procedimento. O objetivo deste estudo foi avaliar e comparar os efeitos da aplicação de dois níveis de pressão positiva nas vias aéreas e dos exercícios com carga linear pressórica inspiratória na mobilidade toracoabdominal, na função pulmonar, na força muscular inspiratória, na resistência muscular respiratória e na prevalência de complicações pulmonares no pós-operatório de cirurgia bariátrica. Trata-se de um ensaio clínico, controlado, randomizado e cego, no qual, 60 participantes após avaliação no pré-operatório, composta por: cirtometria para mensuração da mobilidade toracoabdominal, espirometria para medidas da função pulmonar, pressão inspiratória nasal (PIN) para força muscular inspiratória e teste incremental de resistência, para avaliação da resistência muscular respiratória (PimáxS), foram randomizados e alocados em três grupos, com 20 participantes cada. As intervenções foram realizadas no pós-operatório imediato e no primeiro dia de pós-operatório. O primeiro grupo, denominado de Grupo Controle (GC), recebeu atendimento de Fisioterapia Respiratória Convencional (FRC), composta por exercícios respiratórios, inspirômetro de incentivo e deambulação. O segundo grupo, denominado de Grupo Pressão Positiva (GPP), recebeu pressão positiva em dois níveis, durante uma hora, além da FRC. O terceiro grupo, denominado de Grupo Carga Inspiratória (GCI), realizou exercícios com carga linear pressórica inspiratória, associado também à FRC. Os tratamentos foram aplicados duas vezes no pós-operatório imediato sendo, logo após o retorno à enfermaria e após quatro horas do primeiro atendimento e, três vezes ao dia no primeiro dia de pós-operatório. No segundo dia de pós-operatório, os participantes realizaram radiografia de tórax e submeteram-se às mesmas avaliações realizadas no pré-operatório. Para a análise estatística, foi utilizado o teste de Shapiro-Wilk para avaliação da normalidade dos dados e os testes t de Student ou Wilcoxon para análise intra-grupos e ANOVA um critério ou Kruskal-Wallis para inter-grupos, sendo adotado um nível de significância estatística de 5% (p<0.05). Em relação às mobilidades axilar e xifoideana, não houve diferença significativa no pós-operatório, apenas na mobilidade abdominal, no GPP e no GCI. Já o GC demonstrou diferença significativa nas mobilidades torácicas. Não foi evidenciado diferença significativa no volume de reserva expiratório (VRE) e no volume corrente (VC) no GPP e no GCI, sendo observado esse resultado também na PIN e PImáxS no GCI. Em relação à prevalência de atelectasias, o índice foi de 5% para GPP e GCI e 15% para GC, mas sem diferença significativa entre eles. Concluiu-se que todas as intervenções propostas foram benéficas em prevenir complicações pulmonares, destacando-se uma superioridade do grupo que realizou exercícios com carga inspiratória associados à fisioterapia respiratória convencional, que foi capaz além de manter e melhorar a mobilidade toracoabdominal, preservar VRE, VC, assim como a força muscular inspiratória e a resistência dos músculos respiratórios apresentando baixa prevalência de atelectasias.

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