Resumo

A taurina é amplamente usada como um suplemento nutricional, especialmente em bebidas energéticas, onde comumente está associado com outras substâncias estimulantes, como a cafeína. Em relação aos efeitos da administração isolada de taurina sobre o desempenho esportivo, melhores resultados foram encontrados após períodos crônicos de suplementação, no entanto, os efeitos positivos parecem estar ligados não somente ao período de administração, mas também à dosagem administrada. Dessa forma o objetivo do presente estudo foi investigar os efeitos da administração aguda de uma superdosagem de taurina no máximo déficit de oxigênio acumulado (MAOD) determinado em um único esforço supramáximo. O estudo foi administrado de modo duplo-cego, cruzado, randomizado e placebo controlado. Dez voluntários saudáveis do sexo masculino (idade: 27±7 anos; massa corporal: 79,5±11,4 kg; consumo máximo de oxigênio: 51,1±8,5 mL.kg-1.min.-1) realizaram um teste incremental em esteira ergométrica iniciando a 8 km.h-1 e com incremento de 1,5 km.h-1 a cada dois minutos até a exaustão voluntária para determinação do consumo máximo de oxigênio (VO2max) e sua intensidade relativa (iVO2max). Em seguida, separados por uma semana, os participantes realizaram dois esforços supramáximos a 110% da iVO2max até a exaustão. Previamente aos esforços (90 min) foi administrada de maneira randomizada uma superdosagem de suplementação [placebo (6 g de dextrose) ou taurina (6 g de taurina)]. O consumo de oxigênio foi mensurado respiração-a-respiração e o lactato sanguíneo a partir de amostras (25 μL) coletadas em repouso e nos minutos 3, 5 e 7 após o final de cada exercício supramáximo. O MAOD foi mensurado a partir de um método alternativo (MAODALT) e assumido como a somatória da contribuição do metabolismo anaeróbio alático e lático durante os esforços supramáximos. A contribuição alática foi calculado como o produto entre a constante de decaimento (τ) pela amplitude (A) relativos à fase rápida do excesso de consumo de oxigênio após o final do exercício (EPOC). Já a contribuição lática foi estimada a partir da variação de lactato sanguíneo (concentração final menos a concentração de repouso) admitindo que cada 1 mmol.L-1 dessa variação equivale à 3 mL de O2 por quilo de massa corporal. Para análise estatística foi utilizado Teste t de Student para amostras pareadas (P < 0,05). Ao comparar os resultados dos esforços supramáximos (i.e. taurina e placebo) não foram constatadas diferenças significativas para MAODALT (52,1 ± 5,3 e 51,9 ± 4,9 mL.kg-1de O2; P = 0,93), pico da concentração de lactato sanguíneo (11,4 ± 1,8 e 11,6 ± 1,8 mmol.L-1; P = 0,59) e tempo para exaustão (269,2 ± 57,5 e 277,3 ± 40,6 s; P = 0,58). Dessa forma é possível concluir que a suplementação aguda de 6 g taurina não alterou o MAODALT, tempo para exaustão e concentração pico de lactato sanguíneo durante esforços supramáximos. 

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