Efeitos da suplementação crônica de lactato de cálcio na alcalose sanguínea e no desempenho físico intermitente de alta intensidade
Por Luana F. Oliveira (Autor), Vitor S. Painelli (Autor), Kleiner Nemezio (Autor), Lívia S. Gonçalves (Autor), Bryan Saunders (Autor), Bruno Gualano (Autor).
Em VI Congresso Brasileiro de Metabolismo, Nutrição e Exercício - CONBRAMENE
Resumo
O acúmulo intramuscular de íons H+ é apontado como um fator limitante para o desempenho em exercícios de alta intensidade. Estratégias com o objetivo de atenuar o acúmulo destes íons têm o potencial de melhorar o desempenho físico. Dentre elas, a suplementação de bicarbonato de sódio (BS) se destaca por aumentar a capacidade tamponante extracelular (CTE), dessa maneira, melhorando o desempenho anaeróbio. Outra estratégia recentemente estudada com o objetivo de aumentar a CTE é a suplementação de lactato. Contudo, os estudos avaliando o seu potencial ergogênico são escassos, e os seus resultados, controversos. OBJETIVO: investigar os efeitos da suplementação crônica de lactato de cálcio (LC) sobre o pH, bicarbonato e excesso de base sanguíneos, bem como sobre o desempenho intermitente, comparando tais efeitos aos do BS. MÉTODOS: 18 atletas (26 ± 5 anos) participaram deste estudo duplo-cego, controlado por placebo, e crossover contrabalanceado. Todos os participantes foram submetidos a 3 diferentes tratamentos: placebo (PL), LC e BS. O BS foi usado como um controle positivo. A dose foi idêntica em todas as condições: 500 mg·kg-1 de massa corporal (MC), divididos em 4 doses diárias de 125 mg·kg-1MC, por cinco dias consecutivos. Foi dado um período de washout de 2-7 dias. No 5° dia de suplementação, os indivíduos realizaram 4 séries de Wingate para membros superiores (30 segundos cada, a 4% da MC), com um intervalo de 3min entre as séries. A cada sessão foi determinado o trabalho mecânico total (TMT) obtido para as 4 séries, para as series iniciais (1º+2º) e para as series finais (3º+4º). O pH, bicarbonato (HCO3), e excesso de base (BE) sanguíneos foram coletados no repouso, imediatamente pós-teste e 5min pós-teste. RESULTADOS: Houve uma redução do pH, HCO3 e BE com o exercício em todas as condições. A suplementação de LC não afetou estes parâmetros em repouso ou após o exercício. Porém, aumentos significantes no BE e HCO3 em repouso foram observados com o BS se comparado ao LC e PL (+0.03 ± 0.04 vs +0.009 ± 0.02 e +0.01 ± 0.03, respectivamente). Tais aumentos promoveram uma melhora no TMT (P = 0.02; +2.9%) e nas séries finais (P = 0.001; +5.9%) com o BS comparado à sessão controle. Já o LC não induziu qualquer mudança sobre o TMT ou das séries iniciais ou finais (todos P > 0.05). CONCLUSÃO: A suplementação crônica de LC não foi capaz de aumentar a CTE ou o desempenho intermitente, enquanto o BS se apresenta como uma melhor estratégia para tais fins.