Resumo

Introdução: Os efeitos prejudiciais da poluição sobre a frequência cardíaca e o desempenho durante o exercício são bem demostrados na literatura. Entretanto, geralmente esses estudos são realizados em regiões diferentes, com alto e baixo índice de poluição, ou em situações laboratoriais, em que os níveis de poluentes são induzidos artificialmente. Embora a sua grande validade interna, esses estudos apresentam baixa validade ecológica, uma vez que não representam as condições reais enfrentadas por praticantes de exercícios físicos em grandes centros urbanos. Objetivo: Verificar os efeitos dos poluentes atmosféricos sobre a frequência cardíaca e o desempenho durante corrida com intensidade determinada pela percepção subjetiva de esforço (PSE). Materiais e métodos: Participaram do estudo 14 voluntários de ambos os sexos e saudáveis. Foram realizadas quatro corridas de 30 minutos em ambiente aberto, com a intensidade determinada pela PSE (13 em uma escala de 6 a 20). A frequência cardíaca (FC), a velocidade média (VM) e os índices de ozônio (O3) e material particulado (MP10) foram monitorados para os dias e horários das coletas. Para determinar o nível de associação entre os níveis de poluentes e as variáveis analisadas foi empregada a correlação de Pearson. As sessões foram agrupadas por meio da análise de Cluster em baixa (BP), média (MP) e alta (AP) poluição. As diferenças entre os agrupamentos foram verificadas por meio do teste t de Student e a relevância clínica por meio da inferência baseada em magnitude. Resultados: Foram observadas correlações fracas e não significantes entre os poluentes atmosféricos e a FC ou VM. Não houve diferença entre BP e AP para a FC (167,7 ± 10,8 bpm vs 172,2 ± 10,7 bpm; p = 0,2) ou VM (10,6 ± 1,1 km.h-1 vs 10,7 ± 0,9 km.h-1). A IBM sugere efeitos provavelmente prejudiciais da poluição sobre a FC (IBM = 9/2/89). Conclusão: As variações diárias de O3 e MP10 não afetam as respostas da FC e VM durante corrida com intensidade determinada pela PSE. Entretanto, um provável efeito clínico prejudicial sobre a FC não deve ser descartado.

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