Resumo

O processo de envelhecimento traz consigo declínios cognitivos, sobretudo das funções executivas (FE), relacionados com a redução da capacidade física e funcional, e prin-cipalmente de potência muscular, na pessoa idosa. Nesse sentido, o exercício físico com dupla tarefa tem sido proposto na literatura na intenção de promover adaptações cognitivas, enquan-to o Treinamento Funcional (TF) tem sido recomendado para reverter a redução da funcionali-dade. Porém, não está claro se a dupla tarefa associada ao TF, utilizada em protocolos de Brain Functional Training (BFT), poderia interferir nos ganhos de potência muscular e FE em mulhe-res idosas. Objetivo: Verificar os efeitos de 16 semanas de BFT e TF na potência muscular e FE de mulheres idosas. Métodos: Sessenta e três mulheres idosas foram randomizadas em: Grupo BFT (GBFT) (n = 24), Grupo TF (GTF) (n = 20) e Grupo Controle (GC) (n = 19). A potência muscular foi estimada com o Seated Medicine Ball Throwing Test (SMBTT) para membros superiores, e o Five Times Seat to Stand Test (FTSST) para membros inferiores; a FE foi medida com o Stroop Word-Color Test (SWCT), que avaliou os tempos de resposta (TR) congruentes e incongruentes. Os grupos GBFT e GTF realizaram exercícios com tarefas semelhantes às atividades diárias, po-rém o GBFT realizou simultaneamente tarefas cognitivas voltadas ao estímulo das FE, em 50% dos exercícios; já o GC participou de sessões de Tai Chi Chuan, com movimentos da sequência Baduanjin. Foi utilizada a ANOVA de modelos mistos generalizados com post hoc de Bonferroni para avaliar as diferenças entre médias, calculado tamanho de efeito d de Cohen, e aceita signi-ficância de p < 0,05. Resultados: Em relação ao FTSST, não houve efeito significativo de intera-ção tempo*grupo para nenhum dos grupos (p > 0,05). Em relação ao SMBTT, os grupos GBFT e GTF apresentaram uma melhora significativa ao longo do tempo (GBFT: Pré: 227,55 ± 21,23 cm; Pós: 242,90 ± 28,29 cm; p = 0,002; d = 0,72); (GTF: Pré: 222,42 ± 33,84 cm; Pós: 246,06 ± 34,47 cm; p < 0,001; d = 0,69); (GC: Pré: 228,65 ± 38,87 cm; Pós: 228,87 ± 31,10c m; p = 1,000; d = 0,005). Em relação ao SCWT, não houve efeito de interação tempo*grupo para o TR congruente de nenhum dos grupos (p>0,05); já para o TR incongruente, houve efeito de interação tempo*grupo com significância para os grupos GBFT e GC (GBFT: Pré: 1505,74 ± 730,58ms; Pós: 1312,31 ± 640,91ms; p = 0,026; d = -0,26); (GTF: Pré: 1420,43 ± 504,98 ms; Pós: 1281,54 ± 301,42 ms; p = 0,330; d = -0,27); (GC: Pré: 1764,00 ± 712,14 ms; Pós: 1372,87 ± 509,10 ms; p < 0,001; d = -0,54). É válido mencionar que o GC apresentava TR incongruentes significativamente maiores que o GBFT no momento pré. Conclusão: Nenhum dos grupos apresentou melhora significativa na potência de membros inferiores, enquanto os grupos GBFT e GTF apresentaram uma melhora significativa na potên-cia de membros superiores. Apenas os GBTF e GC apresentaram mudanças significativas na FE ao longo do tempo.

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