Resumo

O estresse pode ser definido como uma reação inespecífica do organismo para qualquer exigência, sendo capaz de gerar diferentes respostas funcionais de acordo com a durabilidade e intensidade do estímulo estressor. Considerando que o estresse mental agudo consiste em uma exposição rápida a um ou vários estressores, tanto o exercício físico como uma tarefa cognitiva são estressores que podem induzir o estresse mental através da modulação autonômica e, pelo aumento da percepção subjetiva de esforço e do foco atencional. Objetivo: O presente estudo teve como objetivo comparar os efeitos de uma tarefa aritmética com os efeitos de um exercício leve sobre as variáveis supracitadas. Métodos: Após aprovação do CEP do HUCFF (nº CAAE: 40337120.6.0000.5257), 5 atletas de natação participaram de 2 visitas de forma randomizada. Após a chegada ao laboratório, os atletas deveriam realizar um exercício leve na piscina. Na condição com estressor, os atletas deveriam realizar uma tarefa cognitiva (TA), na qual o participante deveria realizar cálculos aritméticos durante 15 min após o exercício. Na outra visita, o atleta deveria permanecer sentado em repouso durante 15 min após o exercício (CON). As respostas de foco, ativação, percepção subjetiva de esforço (PSE) e frequência cardíaca foram verificadas antes dos atletas realizarem o exercício (M1), após o exercício (M2) e após a tarefa ou repouso (M3). O foco atencional foi verificado a partir da escala de Tammen, onde o menor valor indica o foco mais associativo e, quanto mais próximo de 100, o foco mais dissociativo. A ativação percebida foi verificada a partir de uma escala de 6 pontos (Felt Arousal Scale) e, além disso, foi utilizada a CR-10 para verificação do esforço percebido pelo atletas. Em relação à variabilidade da frequência cardíaca, foi realizada uma Transformada Rápida de Fourier para cálculo da baixa frequência (LF) e alta frequência (HF) e, ainda, o índice LF/HF. Seguindo, foi realizada uma ANOVA de duas entradas para condição e momento. Resultados: Houve interação entre condição x momento para ativação (p=0,01; ƞ2=0,686), e efeito principal para momento (p<0,05; ƞ2=0,863), em que o valor médio encontrado em M1 foi significativamente menor que em M2 (p=0,01) e em M3 (p=0,02). Não houve efeito principal para condição para ativação (p>0,05). Houve interação condição x momento para PSE (p=0,03; ƞ2=0,560), e efeito principal para momento (p<0,05; ƞ2=0,859), entretanto não houve efeito principal para condição (p>0,05). Não houve interação condição x momento para foco atencional (p>0,05), ou efeito principal para momento (p>0,05), ou efeito principal para condição (p>0,05). O valor médio de M1 foi significativamente menor que de M2 (p=0,01). Para LF, houve interação entre condição e momento (p=0,01; ƞ2=0,758), mas não houveram efeitos principais para condição ou momento (p>0,05). Houve interação entre  condição e momento para o índice LF/HF (p=0,002; ƞ2=0,885), mas nenhum efeito principal para condição ou momento (p>0,05). Para HF, não houveram interações ou efeitos principais para condição ou momento (p>0,05). Conclusões: A partir dos resultados encontrados, observa-se que a tarefa aritmética gerou uma maior ativação percebida pelos atletas quando comparada ao exercício leve e à condição controle. Além disso, a tarefa estressora prolongou o esforço percebido pelos atletas após o exercício. Os resultados relacionados à variabilidade da frequência cardíaca revelam uma possível maior atividade simpática no momento logo após a tarefa. Dessa forma, conclui-se que a tarefa indutora de estresse mental gerou alterações centrais significativas no organismo semelhantes às alterações decorrentes do exercício leve.