Resumo

A fragilidade é reconhecida como uma síndrome com múltiplas causas e contribuintes que é determinada pela diminuição de força, resistência e redução da função fisiológica que aumenta a vulnerabilidade do indivíduo desenvolvendo maior dependência e/ou morte. O exercício físico composto por treinamento de força, equilíbrio e marcha é efetivo e recomendado para redução de quedas, melhora do equilíbrio, para reduzir a perda da massa muscular e da força. O presente estudo teve como objetivo verificar e comparar a efetividade de um mesmo programa de exercícios físicos aplicados de forma domiciliar ou presencial em grupo sobre a função muscular, funcionalidade e marcha em idosas pré-frágeis de Curitiba. Participaram 34 idosas (70,70 Kg ± 6.86, 1.56 m ± 0.07), distribuídas nos grupos: sessões domiciliares (3 vezes/semana) (GED, n=20) e sessões presenciais (3 vezes/semana) (GEP, n=14). A triagem da fragilidade foi realizada conforme o fenótipo proposto por Fried et al, porquanto, reconhece-se fragilidade em pessoas que apresentam no mínimo 3 das 5 seguintes condições: perda de peso não-intencional; baixos níveis de atividade física (Questionário Minessota); baixa velocidade na marcha (marcha em 4 metros); exaustão/fadiga e fraqueza e pré fragilidade em indíviduos com 1 ou 2 condições relacionadas. Avaliou-se a função muscular por meio de teste de força dos músculos extensores e flexores do joelho e quadril em dinamômetro isocinético (Biodex Multijoint System) nas velocidade angulares de 60 e 180°/s; parâmetros espaço temporais da marcha usual e rápida (tapete Zeno Walkwa), com e sem dupla tarefa (teste de cores de Stroop); e capacidade funcional a partir dos seguintes testes: sentar e levantar 5 vezes, velocidade da marcha em 4 e 10 metros e Timed-up-and-Go (TUG). O programa de exercícios foi executado no período de 12 semanas, contendo três sessões semanais (60 min/sessão), sendo cada sessão composta por exercícios de força muscular, equilíbrio e marcha. As participantes do GED receberam um guia ilustrado com exercícios e um kit com caneleiras para a realização dos exercícios domiciliares, enquanto as participantes do GEP realizavam os mesmos exercícios, mas de forma presencial e em grupo. A análise de resultados foi realizada por meio de estatística descritiva (média ± desvio padrão). Foi utilizado para constatar normalidade na distribuição dos dados o teste de Shapiro-Wilk e teste de Levene, os quais foram utilizados para testar a homogeneidade da amostra. A comparação entre grupos e períodos foi realizada por meio da ANOVA de modelo misto com post-hoc de Bonferroni. Quando observados diferenças entre grupos no período pré-treino foi aplicado a ANCOVA. A significância dos dados foi determinada pelo coeficiente p<0,05. A reversão da fragilidade pós treino foi constatada em 78% dos participantes em ambos os grupos (65% GED, 92% GEP). Com relação aos resultados na função muscular, no teste isocinético na velocidade angular de 60°/s da articulação de joelho, o trabalho total na repetição máxima (TTRM) teve interação entre grupo vs tempo com melhor desempenho para o GED, além disso, o GED mostrou aumento médio de 9% no trabalho total (TT) em extensão para ambos os joelhos. No joelho a 180°/s, o pico de torque (PT) em flexão teve aumentou cerca de 12% nos joelhos direito e esquerdo somente no GED, assim como a potência média (PM) em extensão e potência média (PM) em flexão obteve aumento médio de 14% no joelho direito e esquerdo, em ambos os grupos. Nos testes de quadril na velocidade angular de 60°/s, houve aumento nas variáveis pico de torque normalizado pela massa (9%), TTRM (6%), TT (16%) e PM (10%) em flexão tanto no GED quanto no GEP, em ambos os quadris. Já nos testes de quadril na velocidade angular de 180°/s, notou-se que as variáveis PT (15%), TTRM (14%), TT (26%) e PM (13%) em flexão apresentaram aumento tanto no GED como no GEP, no quadril direito e esquerdo. Foi verificado aumento na velocidade da marcha nos parâmetros espaço temporais avaliados, sendo que no GED houve aumento significativo nos 4 variáveis analisadas e no GEP em 1 variável. Houve melhora no desempenho nos testes funcionais mostraram diminuição significativa em 3 dos 4 testes executados, em ambos os grupos, com exceção do TUG. Conclui-se que ambos os programas foram eficientes na reversão do fenótipo de fragilidade nas idosas pré fráges e que tanto o GED quanto GEP tiveram melhora efetiva na função muscular, marcha e funcionalidade. Mostrando, portanto, que os exercícios domiciliares podem ser tão confiáveis quanto os exercícios aplicados presencialmente, em idosas pré frágeis.

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