Resumo
Resumo: Avaliar a qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) de adolescentes com excesso de peso e comparar suas respostas com a percepção de seus responsáveis de acordo com o gênero e a idade dos adolescentes e gênero dos responsáveis. Além disso, analisar os efeitos de um Programa Multiprofissional de Tratamento da Obesidade (PMTO) sobre a qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) de adolescentes e o impacto sobre a percepção de seus responsáveis. Fizeram parte do estudo 179 adolescentes com excesso de peso entre 10 e 18 anos, sendo que 92 foram alocados no grupo intervenção (GI) e 67 no grupo controle (GC). Os demais foram excluídos por não completarem a intervenção. Foram avaliados o peso, altura, IMC, circunferência de cintura (CC), circunferência de quadril (CQ), gordura relativa, gordura absoluta e massa magra. A QVRS foi avaliada por meio do Pediatric Quality of Life Inventory, PedsQLTM versão 4.0 sendo o questionário aplicado nos adolescentes e seus responsáveis. A intervenção teve duração de 16 semanas, contando com uma equipe multiprofissional baseada na terapia cognitivo comportamental. Foi testada a normalidade dos dados, a partir do teste de Shapiro-Wilk. Os dados foram tratados por meio da estatística descritiva e inferencial. A significância foi pré-estabelecida em 5%. Comparando o autorrelato dos adolescentes com a percepção de seus responsáveis observou-se que estes subestimaram a QVRS dos seus filhos em todos os domínios, com exceção do domínio escolar. Quando a análise foi realizada entre os gêneros, os pais subestimaram todos os domínios da QVRS dos meninos, entretanto, esta subestimação foi observada apenas para o domínio físico nas meninas. Levando em consideração a idade dos adolescentes encontramos que os responsáveis subestimaram todos os domínios da QVRS dos mais jovens (10 a 13 anos), exceto para o domínio escolar. Por outro lado, os pais apresentaram escores mais baixos apenas no domínio físico entre os mais velhos (14 a 18 anos). A mesma comparação entre a percepção dos responsáveis e o autorrelato de QVRS de acordo com o gênero dos pais demonstrou que as mães subestimaram todos os domínios, exceto o domínio escolar, enquanto, o oposto foi verificado para os pais que subestimaram apenas este domínio. Após o período de intervenção, os adolescentes do GI apresentaram melhora significativa no IMC, CC, gordura corporal (absoluta e relativa) e massa magra, enquanto que no GC observamos aumento da massa corporal e massa magra. Foi observada melhora nos domínios físico, social, psicossocial e total para os adolescentes do GI, sendo que nenhuma mudança significativa foi observada no GC. Quando analisada a percepção dos pais, verificamos mudanças positivas para todos os domínios de QVRS, com exceção do domínio escolar para o GI, enquanto que no GC, mais uma vez nenhuma alteração foi A comparação entre a percepção dos pais e o autorelato dos adolescentes a respeito de sua QVRS revelou que o início da intervenção os pais dos adolescentes do GI subestimavam os escores de todos os domínios do questionário, com exceção do domínio escolar. Após o período de intervenção essa situação mudou e os pais subestimaram apenas o domínio físico e total do questionário. No GC, no baseline todos os domínios foram subestimados pelos pais, com exceção do domínio escolar, semelhante ao GI. No entanto, após o período de 16 semanas, todos os domínios da QVRS foram subestimados pelos pais dos adolescentes desse grupo. As diferenças entre autorrelato de adolescentes com excesso de peso e a percepção de seus pais sobre a QVRS de seus filhos são influenciadas pelo gênero e idade dos adolescentes e gênero dos pais. Nosso estudo também demonstrou que dezesseis semanas de um PMTO são suficientes para proporcionar mudanças positivas em variáveis antropométricas, composição corporal e QVRS de adolescentes. Além disso, o PMTO foi capaz de promover uma aproximação entre as respostas dos adolescentes e seus responsáveis nos domínios emocional, social e psicossocial.