Resumo

O objetivo do primeiro estudo foi avaliar a confiabilidade entre-tentativas de um mesmo avaliador num mesmo dia e entre-dias para o comprimento do músculo peitoral menor (PM) com a fita métrica, em sujeitos assintomáticos e sintomáticos para dor no ombro. A mínima diferença detectável também foi calculada. O objetivo do segundo estudo foi verificar os efeitos de um protocolo de alongamento para o músculo PM no seu comprimento de repouso, função e cinemática 3D da escápula durante a flexão do braço em sujeitos assintomáticos e sintomáticos para dor no ombro com o PM encurtado. Para o estudo 1, foi avaliada uma amostra de 25 sujeitos assintomáticos (25,76±6,95 anos; 64,12±10,76kg; 1,7±0,08m) e 25 sintomáticos (26,96±5,79 anos; 67,54±9,68kg; 1,7±0,12m) para dor no ombro. Foram feitas 2 medidas do músculo PM com a fita métrica e o mesmo procedimento foi repetido num intervalo de 24-72h para avaliar a confiabilidade da medida entre-dias. Foi encontrada excelente confiabilidade entre-tentativas e entre-dias para a avaliação do comprimento do PM com a fita métrica, por um mesmo avaliador. Concluiu-se que um mesmo avaliador pode medir o comprimento em repouso do peitoral menor de modo confiável através da fita métrica, em sujeitos assintomáticos e sintomáticos para dor no ombro ao longo do tempo. Para o segundo estudo, foram avaliados 47 sujeitos (25 sujeitos assintomáticos: 25,76±6,95anos; 64,12±10,76kg; 1,7±0,08m; e 22 sintomáticos: 27,09±6,10anos; 67,79±9,05kg; 1,7±0,13m, para dor no ombro). Todos passaram por 2 avaliações iniciais, com período de uma semana entre as mesmas. Em cada dia, dois questionários (DASH e SPADI) para avaliação de dor e função do ombro foram aplicados. Também foram avaliados o comprimento de repouso e na posição de retração do PM, a rotação lateral e a cinemática escapular durante a flexão do braço, com um sistema de rastreamento eletromagnético. O protocolo de alongamento foi realizado diariamente (4 vezes de 1 min com intervalo de 30s entre as repetições) por 6 semanas. O grupo assintomático não apresentou diferença entre as avaliações para as pontuações do DASH e do SPADI (p>0,016). Já para o grupo sintomático a pontuação do DASH diminuiu na avaliação 3, quando comparada com as avaliações 1 e 2 (p<0,016) e também diminuiu na avaliação 3, quando comparada à avaliação 1, para o questionário SPADI (p<0,016). O comprimento de repouso do PM diminuiu apenas no grupo sintomático na avaliação 3, quando comparada à 1 (p=0,013) e não teve diferenças para o comprimento na posição de retração nos dois grupos. A rotação lateral não se alterou de maneira significativa entre as avaliações em ambos os grupos. Para o grupo assintomático, não houve interação ângulo x avaliação e nem efeito principal de avaliação nas rotações interna e superior da escápula durante a flexão do braço. No entanto, foi encontrada interação ângulo x avaliação para a inclinação da escápula, com diminuição da inclinação posterior escapular (p=0,012) após o alongamento. Para o grupo sintomático, não houve interação ângulo x avaliação e efeito principal de avaliação para as rotações da escápula. Assim, sugere-se que o alongamento realizado não foi efetivo para alterar o comprimento do PM e a cinemática da escápula durante a elevação do braço, em sujeitos assintomáticos e sintomáticos para dor no ombro, sendo que o mesmo alongamento promoveu uma diminuição da dor e melhora da função em sujeitos com dor no ombro.

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