Resumo

A flexibilidade, força, potência e resistência muscular são componentes importantes da aptidão musculoesquelética. Existe inconsistência na literatura sobre os efeitos de programas de exercício físico no desenvolvimento desses componentes, quando utilizados exercícios de alongamento e resistidos na mesma sessão. Uma modalidade de exercício físico que utiliza exercícios de alongamento precedendo exercícios de fortalecimento muscular é o Pilates. Contudo, até o momento, nenhum estudo investigou os efeitos do alongamento em um programa de Pilates sobre o desenvolvimento de componentes da aptidão musculoesquelética. Objetivo: Analisar os efeitos do alongamento em um programa de exercícios de Pilates no desenvolvimento de flexibilidade, força, potência e resistência muscular. Métodos: 32 mulheres sedentárias foram randomizadas em dois grupos: Pilates Tradicional (GPT), que executou exercícios de flexibilidade e de fortalecimento muscular (n = 16); e Pilates Não Tradicional (GPNT), que executou apenas exercícios de fortalecimento muscular (n = 16). Os protocolos de treinamento com exercícios de Pilates para ambos os grupos foram idênticos, com a exceção dos exercícios de alongamento, que foram realizados no início das sessões apenas para o GPT. As sessões ocorreram 3x por semana, durante 8 semanas. Os grupos foram avaliados pré e pós-intervenção por intermédio dos seguintes testes: 1 Repetição Máxima com resistência elástica para extensores de joelho do membro dominante, salto vertical, abdominal em 1 minuto, resistência das costas, força de preensão manual e sentar-e-alcançar. Para análise estatística foi utilizado o teste t de Student para amostras dependentes. Para dados não paramétricos foi utilizado o teste de Wilcoxon. Na comparação intergrupos foi utilizado o teste de covariância (Ancova) tendo os dados de linha de base como covariável. Para os dados não paramétricos, foi calculado o delta (Δ) da diferença dos resultados entre a pré e a pós-intervenção e posteriormente, realizado o teste U-Mann Whitney. O tamanho do efeito foi calculado pelo Cohens’d. Resultados: Os grupos foram diferentes apenas para o teste de flexibilidade (Δ: GPT = 4,19 ± 4,76 cm vs. GPNT = 0,81 ± 2,78 cm; d = 0,87; p = 0,035) no momento pós-intervenção. As comparações intragrupo demonstraram diferenças significativas (p < 0,05) para o GPT e GPNT na melhora da força muscular dos extensores do joelho e do salto vertical. Apenas o GPT apresentou melhora significativa (p < 0,05) intragrupo para flexibilidade. Conclusão: Nossos achados demonstraram que exercícios de alongamento em um programa de Pilates, não prejudicaram ou potencializaram o desenvolvimento de força, potência e resistência muscular em mulheres jovens. No entanto, apenas o programa de Pilates com alongamento possibilitou a melhora da flexibilidade.