Resumo

A Hemofilia é decorrente de uma desordem no mecanismo de coagulação do sangue, adquirida ou hereditária, caracterizada por episódios de hemorragias internas ou externas em diversas regiões do corpo, gerando dessa forma, alterações em determinadas articulações e/ou músculos. No mundo todo, isto é refletido em baixos níveis de atividade física e dificuldades para a realização de atividades comuns da vida diária. Diante desse panorama, o objetivo do presente estudo foi analisar os efeitos de 12 semanas de exercício físico na composição corporal, índices antropométricos e aptidão física de indivíduos portadores de hemofilia. Para isso, participaram do estudo 5 indivíduos portadores de hemofilia, de ambos os gêneros, que realizaram exercícios aeróbicos e resistidos durante 12 semanas, com frequência semanal de 2 vezes, no Programa de Reabilitação do Instituto de Medicina do Esporte da Universidade de Caxias do Sul, RS. A atividade aeróbica foi composta por 30 minutos em cicloergômetro e/ou esteira, com uma intensidade de 50% a 70% da freqüência cardíaca de reserva, obtida por meio do teste ergoespirométrico. O treinamento resistido foi contemplado por 12 exercícios de força, em aparelhos que trabalharam os principais grupamentos musculares, contendo em cada exercício: 3 séries de 12 repetições com 30 segundos de intervalo, e intensidade de 50 a 70%, estimada por meio do teste de 1RM, utilizando-se escala subjetiva de esforço de Omni-Res. Aplicaram-se ainda, exercícios de alongamento e propriocepção ao final de cada sessão. As variáveis de composição corporal foram obtidas por meio do método de dobras cutâneas; os índices antropométricos foram calculados utilizando-se as perimetrias de cintura e quadril (RCQ), aferidas com fita métrica, e; o índice de massa corporal (IMC) foi calculado por meio da medição do peso e da estatura. Os testes de aptidão física compreenderam: dinamometria de mãos, flexão de cúbito, teste de sentar e levantar, teste de agilidade e flexibilidade, aferida, por meio teste de sentar e alcançar, utilizando-se o banco de Wells. Os dados foram tratados através do pacote estatístico GraphPadInstate e para todas as variáveis utilizou-se o teste de Mann-Whitney e o teste T de Student, ambos com índice de significância p<0,05. Os resultados demonstraram que não houveram diferenças estatisticamente significativas nas variáveis analisadas. Observou-se aumento da força de ambas as mãos e dos membros inferiores, melhora na agilidade e flexibilidade. Conclui-se, portanto, que o exercício físico é importante no tratamento, prevenção e manutenção musculoesqueléticas dos indivíduos acometidos por hemofilia, melhorando a qualidade de vida. Sugere-se que novos estudos sejam realizados, com uma maior população e por um período superior a 12 semanas de treinamento, contendo maior número de sessões semanais.

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