Resumo

Valores elevados de gordura corporal estão relacionados com alterações no metabolismo da glicose, dislipidemia, resistência à insulina e diabetes mellitus tipo 2 em grupos pediátricos. Embora a modificação de comportamentos de vida, como melhora nos hábitos alimentares e a presença de exercícios físicos na rotina dos adolescentes sejam reconhecidos como estratégias para tratar e prevenir a obesidade e suas co-morbidades, não há consenso sobre as abordagens mais eficazes. O objetivo do presente estudo foi avaliar os efeitos do treinamento aquático e terrestre sobre os fatores de risco cardiometabólico, qualidade de vida e saúde mestal, além de comparar as alterações decorrentes das intervenções em variáveis antropométricas, de composição corporal e psicológicas, em adolescentes com excesso de peso. Trata-se de um ensaio clínico controlado, randomizado, em paralelo, com 12 semanas de intervenção, no qual 77 adolescentes com excesso de peso com idades entre 10-18 anos foram distribuídos aleatoriamente em três grupos: grupo hidroginástica (GH) e grupo jump (GJ), com três sessões semanais de hidroginástica e jump e o grupo controle (sem intervenção com exercício). Todos os grupos realizaram uma sessão semanal de orientação nutricional. Avaliações antropométricas, de pressão arterial, bioquímicas e avaliações de aspecto psicológico foram realizadas pré e pós-intervenções, com índice de massa corporal (IMC) como desfecho primário. Na análise por protocolo, a verificação das possíveis diferenças entre os grupos, entre os tempos (pré e pós) e a interação grupo*tempo foi realizada pelo modelo de Equações de Estimativa Generalizadas – GEE, considerando apenas os sujeitos que cumpriram todo o protocolo de estudo em cada grupo, com frequência mínima de 80% das sessões. Na análise por intenção de tratar todos sujeitos participaram das análises. A análise demonstrou aumento significante da massa corporal no grupo Controle (p < 0,05) e redução significante nesta variável para o grupo Jump (p < 0,05). O IMC reduziu de forma significante tanto no grupo Hidro (p < 0,05) quanto no grupo Jump (p < 0,01). Redução significante da pressão arterial sistólica no grupo controle (p < 0,05) e no grupo Hidro (p < 0,05). Além disso, melhoras significantes entre os períodos pré e pós-intervenção foram encontradas somente no grupo Hidro, para as variáveis HDL-C (p < 0,05) e QUICKI (p < 0,05), que aumentaram, e para Insulina (p < 0,05) e HOMA-IR (p < 0,05), que reduziram. Nas variáveis psicológicas, houve melhora significante na dimensão física nos três grupos (p < 0,001), e na dimensão escolar somente no grupo Controle (p = 0,027). A qualidade de vida total também apresentou melhora significante para todos os grupos (p < 0,001), e o sumário psicossocial aumentou significantemente seu escore apenas no GH (p = 0,024). Na saúde mental houve melhora dos escores do domínio emocional nos dois grupos de exercícios físicos (p < 0,001). Sendo assim pode-se concluir que, de uma forma geral, o treinamento no meio aquático mostrou melhores resultados no controle dos fatores de risco cardiometabólico, apresentando implicações futuras para novas abordagens no tratamento da obesidade infantil.

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