Resumo

A oxidação de lipídeos durante e após a atividade física está diretamente relacionada à intensidade e duração do exercício realizado, entretanto, poucos trabalhos adotaram o conceito "limiar anaeróbio" associado ao treinamento cardiorespiratório intervalado de alta intensidade (high-intensity interval training, HIT) para avaliar tal fato. Os objetivos deste trabalho foram verificar a influência de seis sessões de HIT sobre: a) os padrões de oxidação de substratos durante corrida em esteira em intensidade sub-máxima, e b) intensidades dos limiares anaeróbios ventilatórios (LAVs). Dez indivíduos ativos não treinados foram submetidos à teste progressivo máximo em esteira para determinação do pico de consumo de oxigênio (VO2pico), velocidade de pico (Vpico) e LAVs. Na semana seguinte as avaliações iniciais, os indivíduos realizaram 45min de corrida na intensidade do primeiro limiar anaeróbio ventilatório (LAV1; teste de tolerância ao esforço) para determinação das taxas de oxidação de lipídeos e carboidratos (LIPox e CHOox, respectivamente), por calorimetria indireta, após 4hs de restrição alimentar e ingestão de maltodextrina (1g/kg em solução a 12%, 45min antes do início da atividade). Sequencialmente foram realizadas seis sessões de HIT compostas de oito séries de 60seg a 100% da Vpico por 75seg de recuperação entre as séries. Após o período de treinamento os sujeitos foram submetidos novamente às avaliações iniciais. Os resultados estão apresentados como média e erro padrão. A homogeneidade das variâncias dos parâmetros ventilatórios, freqüência cardíaca (FC), velocidade de corrida (V) e taxas de oxidação foi verificada através do teste de Brown-Forsythe, com as médias das sessões comparadas, quando adequado, através de teste t de Student ou teste de Sign para dados pareados. O nível de significância adotado foi de p<0,05 (software Statistica for Windows, versão 8.0, 2007; Statsoft, Inc.; Estados Unidos). Nossos resultados demonstraram aumentos das intensidades de ocorrência dos LAVs, expressas em função do VO2, de 5,90% para LAV1 (de 46,95±1,86% para 49,71±2,42% do VO2pico, p=0,18) e 9,91% para LAV2 (de 72,43±1,43% para 79,61±2,24% do VO2pico, p=0,01). Não foram observadas diferenças significativas para os valores de FC e V nas intensidades dos LAVs. Durante os testes de tolerância ao esforço observou-se redução da CHOox absoluta de 12,83% (1,71±0,06g/min para 1,49±0,05g/min, pré e pós-treino, respectivamente; p=0,01) e aumento da LIPox absoluta de 23,71% (0,28±0,02g/min para 0,34±0,02g/min, pré e póstreino, respectivamente; p=0,04). Em consequência, a energia relativa derivada da LIPox foi 20,31% maior após o período de treinamento (29,20±2,48%kcal/min para 35,13±2,18%kcal/min, pré e pós-treino, respectivamente; p=0,07). Nossos resultados sugerem que seis sessões de HIT promovem alterações: a) nas intensidades de ocorrência dos LAVs, expressos em função do VO2, especialmente para LAV2, e b) do padrão de oxidação de substratos, durante corrida em esteira em intensidade sub-máxima, com aumento da oxidação e contribuição de LIP para manutenção da demanda energética.

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