Resumo
Introdução: A Irisina é um peptídeo que estimula a termogênese e a lipólise pelo browning do tecido adiposo branco e parece ter relação com homeostase metabólica. O exercício físico é tido como o seu principal estimulador, porém não são claros os protocolos que melhor promovem este efeito, ainda mais quando agregado as atividades que trabalhem a força muscular e a aptidão aeróbia, fatores esses recomendados para a manutenção e melhora da saúde. Embora em estudos com animais e in-vitro Irisina pareça estar relacionada com marcadores metabólicos, são escassos os trabalhos que investiguem em humanos quais as relações práticas entre exercícios físicos, Irisina e variáveis metabólicas. Objetivo: avaliar os efeitos do treinamento de força em conjunto com o aeróbio (treinamento combinado – TC) sobre os níveis basais de Irisina circulante e marcadores relacionados a RI e SM em homens de meia idade com obesidade grau 1. Metodologia: Vinte e dois homens (Idade: 49,13±5,75 anos e IMC: 30,86±1,63 Kg/m²) foram distribuídos em grupo treinamento combinado (TC, n=12) e grupo controle (GC, n=10). O TC foi composto por treinamento de força (6 exercícios/3 séries/ 6-10 repetições /60-90seg de pausa entre as séries) e aeróbio (30 minutos de caminhada/corrida à 50- 85% do VO2max) realizados na mesma sessão, com frequência de 3x por semana. O comportamento alimentar, teste de uma repetição máxima (1-RM), análise do volume máximo de oxigênio (VO2máx), circunferência de cintura (CC), composição corporal, colesterol, perfil lipídico, insulina, glicemia, hemoglobina glicada, HOMA-IR, HOMA-B, índice QUICKI, Z score da síndrome metabólica (SM) e Irisina plasmática foram analisadas antes e após o período experimental (24 semanas, sendo as coletas pós realizadas ao menos 72 horas após a última sessão de treino). O teste t-Student foi utilizado para comparação entre as linhas de base, seguido da análise de modelo misto e do post-hoc de Tukey quando necessário. Foi aplicado ainda o teste de Pearson para analisar possíveis correlações de deltas. O nível de significância adotado foi de p<0,05. Para avaliar a magnitude dos efeitos sobre Irisina foi aplicado o d effect size, com o d ≥ 1,2 sendo considerado “large”. Resultados: O TC apresentou aumento da força muscular, VO2máx., massa magra e índice QUICKI, além de diminuição da gordura corporal, CC, níveis de insulina, glicemia, colesterol total, LDL, HOMA-IR e Z-score da SM, além de manter os níveis de Irisina. Já o GC teve diminuição de Irisina e da força muscular no exercício supino, além de aumento do HOMA-IR. Foram encontradas correlações inversas entre os deltas de Irisina e glicemia, colesterol total e CC, além de relação positiva com a soma das cargas dos testes de 1RM. Conclusão: O programa de TC foi capaz de manter os níveis de Irisina e proporcionar melhoras funcionais, metabólicas e de composição corporal, diminuindo as chances do desenvolvimento de Diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares entre seus praticantes. Pelos resultados das correlações, além da diminuição de Irisina com similar aumento do HOMA-IR no GC, é possível observar também em humanos a relação entre este peptídeo e variáveis relacionadas a homeostase metabólica.