Efeitos do treinamento de força e mindfulness sobre a mobilidade com dupla tarefa e indicadores do risco de quedas em pessoas idosas com síndrome do risco cognitivo-motor: uma análise preliminar
Por Vinicius Yan Santos Nascimento (Autor), Letícia Bojikian Calixtre (Autor), Laís Regina De Holanda Santos (Autor), Laísla Da Silva Paixão Batista (Autor), Rodrigo Cappato De Araújo (Autor), Gabriel De Amorim Batista (Autor).
Em 46º Simpósio Internacional de Ciências do Esporte SIMPOCE
Resumo
A Síndrome do Risco Cognitivo-Motor (SRCM) é caracterizada por queixas subjetivas de memória e velocidade da marcha reduzida. O compartilhamento da região do córtex pré-frontal exerce função para o controle da marcha e cognição, assim, pessoas idosas com SRCM apresentam maior risco para demência e episódios de quedas. Devemos destacar que, grande parte das atividades de vida diária necessitam do gerenciamento de tarefas motoras e cognitivas de forma simultânea (dupla tarefa), o que pode aumentar as chances de quedas nessa população. Dessa forma, estratégias não farmacológicas como o Treinamento de Força (TF) podem ser inseridas, a fim de mitigar o impacto do declínio físico, cognitivo e reduzir o risco de quedas. Alternativamente, práticas meditativas como o Mindfulness (Mind) são intervenções promissoras para cognição e mobilidade em idosos. Considerando que idosos com SRCM apresentam declínios físicos e cognitivos, e que a maior parte das atividades da vida diária compartilham essa interação. Espera-se que, inserir o Mindfulness após o TF ofereça efeitos sinérgicos, capazes de atenuar ou mesmo reverter os efeitos deletérios da SRCM. OBJETIVO: Avaliar os efeitos de 24 semanas do TF e Mindfulness sobre a mobilidade com dupla tarefa e indicadores do risco de quedas em pessoas idosas com SRCM. MÉTODOS: Trata-se de um ensaio controlado aleatorizado, aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade de Pernambuco (CAAE: 38402120.0.0000.5195) e registrado na plataforma de Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos (RBR-5z5h789). Vinte e quatro idosos com SRCM foram alocados aleatoriamente em: 1) TF- Mind ou 2) TF. Os desfechos primários incluíram mudanças na mobilidade com e sem dupla tarefa durante o teste Timed Up and Go (TUG) e Custo da Dupla Tarefa (CDT). Os desfechos secundários incluíram medidas complementares sobre a confiança no equilíbrio (Activities-specific Balance Confidence - ABC-6) e preocupação com quedas (Falls Efficacy Scale-International - FES-I). Essas medidas foram obtidas por avaliadores cegos e ocorreram na linha de base e ao final de 24 semanas de intervenção. Os indivíduos alocados no grupo TF- Mind realizaram treinamento duas vezes por semana, com duração total variando entre 45-60 minutos. O programa de TF foi composto por cinco exercícios (supino horizontal, abdominal, leg press, remada e agachamento). Dispositivos de instabilidade (ex., fitas de suspensão, bola suíça, discos de equilíbrio) foram adicionados para aumentar a complexidade motora. A prescrição envolveu três séries fixas e repetições variando de 8-20, com intervalo de recuperação de até dois minutos. Em relação ao treinamento de Mindfulness, exploramos seis práticas formais (escaneamento corporal, respiração, caminhada atenta, sons e pensamentos, movimento atento, compaixão). Os participantes alocados no TF realizaram apenas o programa de exercícios. A comparação entre grupos foi realizada por meio dos modelos lineares mistos, considerando a diferença entre médias entre os grupos e os seus respectivos intervalos de confiança de 95%, utilizando o programa SPSS versão 22. Resultados: A amostra foi composta por 83,3% de mulheres, com idade média de 72 ± 7,37 anos, velocidade da marcha de 86,48 ± 9,60 e pontuação no Montreal Cognitive Assessment (MOCA) 18,39 ± 4,86 pontos. Os resultados do presente estudo não demonstram diferenças significativas para todos os desfechos avaliados. Os resultados para os desfechos primários foram: Timed Up and Go (1,20, IC 95%: [-0,33; 2,74]), TUG cognitivo números (1,03 [-1,20; 3,27]), TUG cognitivo animais (2,07 [-1,17; 5,32]), CDT – números (2,03 [-8,16; 12,22]), CDT – animais (-2,74 [-22,84; 17,35]). Enquanto os resultados para os desfechos secundários incluíram: FES-I (-0,91 [-7,89; 6,06]) e ABC-6 (1,03 [-24,63; 26,70]). Conclusão: A realização TF com ou sem a adição de Mindfullness não promoveu benefícios significativos sobre a mobilidade com e sem dupla tarefa, bem como os indicadores de preocupação com quedas e confiança no equilíbrio. Ressaltamos que esses resultados são preliminares, necessitando assim de um tamanho amostral maior para verificar o efeito do TF sobre os desfechos investigados.