Resumo

Apesar dos avanços relacionados aos tratamentos medicamentosos e cirúrgicos utilizados para a redução das doenças cardiovasculares (DCV), a doença arterial coronariana (DAC) continua sendo a principal causa de mortalidade no mundo industrializado. Com o intuito de reduzir os efeitos deletérios do processo aterosclerótico, propostas de tratamento não farmacológico têm sido utilizadas, como os programas de reabilitação cardiovascular, com destaque na terapia baseada no exercício físico. Tradicionalmente são realizados exercícios aeróbios como andar de bicicleta, caminhadas e corridas, entretanto, formas alternativas tem sido propostas, como o treinamento físico aquático, porém, as adaptações cardiorrespiratórias nesta população ainda são pouco documentadas na literatura. Sendo assim, o objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos do treinamento físico aeróbio aquático (TFAA) sobre a composição corporal, a modulação autonômica da frequência cardíaca e variáveis cardiorrespiratórias e metabólicas de pacientes com DAC. Tratou-se de um ensaio clínico longitudinal, com amostra alocada por conveniência, no qual foram estudados vinte e um pacientes do gênero masculino, idade média de 59,36 anos, com diagnóstico de DAC, os quais foram divididos em grupo controle (GC, n=8), que participou somente das avaliações, e grupo treinamento (GT, n=13). Todos foram submetidos à avaliação da composição corporal, da variabilidade da frequência cardíaca (VFC) em repouso na postura supina, e ao teste de exercício cardiopulmonar (TECP), antes e após o programa de TFAA. O protocolo de treinamento consistiu de três sessões semanais em dias alternados, durante 16 semanas, totalizando 48 sessões, as quais tinham duração de aproximadamente uma hora. A intensidade dos exercícios foi prescrita entre 70 e 110% do primeiro limiar ventilatório (LV1), obtido no TECP. A VFC foi analisada a partir de modelos lineares no domínio da frequência (DF) pela análise espectral (AE), e a partir de modelos não lineares pela análise simbólica (AS), Entropia de Shannon (ES) e Entropia Condicional (EC). Na análise estatística foi considerado como significativo um valor de P < 0,05. Os resultados mostraram que no GT, houve redução na porcentagem de gordura corporal, aumento da modulação parassimpática e redução do componente simpático, tanto na análise pelos índices lineares quanto não lineares. Em relação a capacidade funcional, houve aumento nos valores do VO2 e do pulso de O2. Já no GC, com exceção da massa corporal e do índice de massa corporal, os valores obtidos em todas as variáveis, permaneceram semelhantes após o período os quatro meses do protocolo. Conclui-se que 48 sessões de TFAA realizadas em intensidade moderada, promoveram adaptações benéficas sobre a porcentagem de gordura corporal, a modulação autonômica da FC em repouso, e a capacidade funcional de pacientes com DAC. Considerando que esses parâmetros representam marcadores de risco de eventos cardiovasculares na população estudada, os resultados sugerem que o TFAA proposto nesse estudo, pode ser uma estratégia terapêutica importante a ser incorporada aos programas de reabilitação cardíaca.

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