Resumo

Introdução: Com o intuito de recuperar os déficits na mobilidade ocasionados pelo Acidente Vascular Cerebral (AVC), intervenções baseadas em exercícios físicos associados a duplas tarefas têm se mostrado efetivas na melhora da mobilidade. Entretanto, a falta de controle da progressão do treinamento físico e cognitivo, a pequena duração dos protocolos e a ausência de seguimento após o período de intervenção dos estudos existentes ainda permitem questionar os efeitos dessa associação para tal população. Objetivo: Investigar os efeitos dos exercícios convencionais com e sem associação das duplas tarefas na mobilidade realizada com dupla tarefa de indivíduos pós-AVC. Método: Trata-se de um ensaio clínico aleatorizado cego com dois grupos: grupo treinamento convencional (GTC), grupo treinamento dupla tarefa (GTD). Os sujeitos do GTC realizaram exercícios aeróbios e de força, 2 vezes por semana, 60 minutos por sessão, durante 15 semanas. Já o GTD realizou os mesmos exercícios prescritos com parâmetros idênticos, porém associados a tarefas secundárias durante o treinamento. O desfecho primário escolhido foi a mobilidade avaliada pelo teste Time Up and Go em segundos (s) com dupla tarefa, antes, imediatamente após e 5 semanas após o término da intervenção. Os desfechos secundários foram: capacidade aeróbia, velocidade de marcha, força muscular, equilíbrio, comprometimento cognitivo, qualidade de vida e medo de cair. Análise dos dados: Foi utilizado o TTEST para a verificação da igualdade entre os grupos no pré-teste. Dada igualdade, foi utilizada a análise de modelos mistos sob a análise residual, em que o valor de p foi ajustado, pelo ajuste de Bonferroni de acordo com a quantidade de comparações exercidas. Resultados: Somente o GTD apresentou melhora do pré- treinamento 15,75s (±6,78) para o pós-treinamento 11,74s (±4,36) e do pré-treinamento para o seguimento 11,78s (±4,87) (diminuição de 4s). Nos desfechos de capacidade aeróbia, força muscular e qualidade de vida, ambos os grupos tiveram melhoras semelhantes. Nos desfechos de equilíbrio, comprometimento cognitivo e medo de cair não houve mudança do pré-treinamento para o pós-treinamento e para o seguimento. Conclusão: O treinamento físico com associação de duplas tarefas foi mais efetivo que o treinamento convencional para a melhora da mobilidade com duplas tarefas em indivíduos pós-AVC e equivalente ao treinamento convencional na melhora da capacidade aeróbia, força muscular e qualidade de vida em indivíduos pós-AVC. Conclui-se que o treinamento físico com associação de duplas tarefas é uma estratégia efetiva para a melhora da mobilidade com duplas tarefas e demais desfechos clínicos.

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