Resumo

O uso de psicotrópicos é um problema de saúde pública global. Segundo o Relatório Mundial sobre Drogas realizado em 2019, cerca de 5% da população entre 15 e 64 anos faz uso regular de algum tipo de substância. O uso abusivo de psicotrópicos altera o funcionamento cerebral, em especial no córtex pré-frontal, comprometendo a capacidade cognitiva, em especial das chamadas funções executivas, prejudicando o processo de tomada de decisões e induzindo a pessoa a soluções mais atraentes, com ganhos imediatos em detrimento de análises mais elaboradas sobre as consequências de possíveis erros de julgamento e atitudes comportamentais associadas. Há consenso na literatura sobre relações positivas entre a prática regular de exercícios físicos e as funções do SNC, estando amplamente demonstrado que uma sessão de 20 minutos de exercícios aeróbios, realizados em intensidade moderada, assim como exercícios de força, são capazes de promover melhora na capacidade cognitiva. Porém, não se conhece qual tipo ou programa, bem como intensidade, duração e frequência, seja mais adequado ou eficiente em promover a saúde geral e a capacidade cognitiva de pessoas com transtorno por uso de substâncias. Desta forma, este estudo avaliou se o exercício funcional de alta intensidade (HIFT) seria capaz de induzir efeitos positivos nas funções executivas de quarenta pessoas do sexo masculino, com idade de 35,6 ± 8,6 anos, diagnosticadas com transtorno por uso de substância, sendo alocadas nos grupos Controle (G-Ctl, N=18) e Experimental (G-HIFT, N=22). Foram realizadas avaliações, antes e após um período de repouso ou de uma sessão de HIFT utilizando o peso corporal. Os principais resultados obtidos indicam um perfil geral de melhora na capacidade cognitiva, demonstrada pelo desempenho na avaliação da flexibilidade mental, do controle inibitório e da memória de trabalho, bem como no estado de humor, com respostas perceptuais de esforço e afeto positivas. Assim, considerando os resultados obtidos e as limitações do estudo, é possível dizer que uma sessão de HIFT é capaz de melhorar as funções executivas, e assim a capacidade cognitiva, de pessoas com transtorno por uso de substância. Assim, a partir do protocolo proposto, das observações realizadas, dos resultados obtidos, das limitações do estudo e do conhecimento atual sobre o tema, sugere-se que HIFT seja capaz de melhorar as funções executivas de pessoas com transtorno por uso de substâncias, se apresentando como alternativa acessível, motivacional, funcional e afetivamente positiva, conforme relatos colhidos no dialeto dos participantes, como abordagem clínica capaz de “Clarear a Mente” e “Facilitar a Caminhada”

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