Resumo

O objetivo do presente estudo foi verificar os efeitos do treinamento intervalado de alta intensidade (TIAI), específico e não específico, sobre respostas fisiológicas e desempenho em testes aeróbios e anaeróbios, bem como sobre ações técnicas e táticas durante a luta de judô. 35 atletas de judô realizaram uma série de testes antes e após quatro semanas de treinamento, sendo aleatoriamente divididos em quatro grupos: TIAI para membros inferiores, TIAI para membros superiores, TIAI específico [por meio de entrada de golpes (uchi-komi)] e grupo controle. Os grupos experimentais treinaram o exercício intervalado de alta intensidade (EIAI) adicionalmente ao treino de judô e o grupo controle realizou apenas judô. Foi utilizado o mesmo tipo de estímulo em regiões corporais distintas: realização de duas sessões semanais de EIAI constituídas por dois blocos de 10 estímulos de 20s por 10s de intervalo entre os estímulos e 5 min entre os blocos, i.e., grupo de membros superiores e inferiores utilizaram cicloergômetros específicos para cada região corporal, enquanto o grupo específico desempenhou uchi-komi em intensidade all-out com atleta de massa corporal similar. Os grupos e momentos foram comparados via análise de variância (ANOVA) a dois fatores (grupo e momento do treinamento) ou a três fatores (grupo, momento do treinamento e momento da medida), seguida pelo teste de Bonferroni. Quando encontrada diferença entre os grupos durante as semanas de treinamento, foi efetuada uma ANOVA a um fator com medidas repetidas, bem como o teste-t pareado para os valores pré e pós-treinamento. Os principais resultados apontam que: para o grupo de membros inferiores houve aumento da potência equivalente ao onset blood lactate accumulation (OBLA) no teste progressivo para membros superiores, aumento da potência média no teste de Wingate adaptado para membros inferiores, redução da frequência cardíaca após o Special Judo Fitness Test (SJFT), redução do número de sequências em pé durante a simulação de luta e aumento da razão testosterona/cortisol (T/C) pós-simulação de luta no momento pós-treinamento; para o grupo de membros superiores, houve elevação da potência aeróbia máxima no teste progressivo máximo para membros superiores, aumento do número total de projeções no SJFT, redução das concentrações de CK e elevação da razão T/C pós-simulação de luta no pós-treinamento, bem como elevação das concentrações de LDH nas mensurações conduzidas em repouso; para o grupo uchi-komi, houve aumento da potência pico no teste de Wingate para membros superiores e inferiores, redução do índice no SJFT e aumento da razão T/C pós-simulação de luta no momento pós-treinamento. Não foram detectadas alterações no desempenho para o grupo controle pós-treinamento. Além disso, não foram detectadas quaisquer alterações para as respostas psicométricas, hormonais, assim como para o sistema nervoso autônomo após as quatro semanas de intervenção. Os resultados indicam que a adição do TIAI à rotina de treinamento usual de judô eleva a potência aeróbia máxima para membros superiores e desempenho intermitente de alta intensidade para membros superiores e inferiores em testes genéricos. Adicionalmente, o TIAI melhora aspectos relevantes para o desempenho em tarefas específicas do judô. Por fim, o TIAI de baixo volume não promoveu alterações nas respostas do sistema nervoso autônomo, questionários psicométricos e respostas hormonais ao longo das quatro semanas de treinamento.

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