Resumo


Introdução: Sabe-se que exercícios físicos multimodais compostos por treinamento aeróbio, resistido, neuromotor e de flexibilidade podem contribuir para melhorar a marcha, equilíbrio, força muscular, capacidade aeróbia e cognição. Tais efeitos podem impactar positivamente na qualidade de vida relacionada à saúde de indivíduos pós-Acidente Vascular Cerebral (AVC). Exercícios físicos multimodais podem ser realizados em ambiente real (mais comum na prática clínica) ou virtual. No ambiente real há elevado relacionamento interativo entre o profissional e o paciente, elevada validade ecológica, possibilitando treinamento específico à tarefa com alta intensidade, possibilidade de realização de forma individual ou em grupo, não necessitando de recursos tecnológicos, o que reduz o custo. Já no ambiente virtual, há uma rica oferta de informações sensoriais (visuais, auditivas, proprioceptivas), alta estimulação cognitiva e de resolução de problemas, que oferece informações com foco externo de atenção em um ambiente seguro, controlado, motivador e desafiador. Considerando as características de ambos os ambientes, surge a seguinte questão: A combinação de intervenções em ambientes real e virtual poderia resultar em benefícios superiores na qualidade de vida relacionada à saúde e cognição de indivíduos pós-AVC? Objetivo: investigar os efeitos da combinação de exercícios físicos multimodais em ambiente real e virtual na qualidade de vida relacionada à saúde e cognição de indivíduos pós-AVC. Método: Tratou-se de um ensaio clínico aleatorizado com três grupos, grupo multimodal real (GMR), grupo multimodal virtual (GMV) e grupo multimodal combinado (GMC), sendo que os sujeitos do GMR realizaram apenas exercícios físicos multimodais em ambiente real, 2 vezes por semana, 60 minutos por sessão, durante 15 semanas, o GMV realizou exercícios no mesmo período, porém somente em ambiente virtual, já o GMC realizou uma sessão semanal de exercícios físicos multimodais em ambiente real e a outra sessão semanal em ambiente virtual. Para avaliar a qualidade de vida relacionada à saúde foi aplicada, por um avaliador cego, a Escala de Impacto do AVC (EIAVC) e a cognição foi mensurada por meio da Montreal Cognitive Assessment (MoCA), ambos realizados antes, após e 1 mês do término da intervenção. Os dados foram analisados por meio da ANOVA (3x3) para o fator grupo, com medidas repetidas levando-se em conta o fator tempo (pré-teste, pós-teste e seguimento) e com o post hoc de teste de Tukey para detecção das diferenças, com alfa de 0,05 como significância estatística. Resultados: Quarenta e oito sujeitos foram recrutados, sendo que 36 sujeitos terminaram o protocolo de estudo (12 sujeitos em cada grupo). Não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos após o período de intervenção em nenhuma das variáveis do estudo; com relação ao seguimento, o GMV piorou com relação aos dois outros grupos no que diz respeito a QVRS, mais especificamente nas AVD/AIVD e mobilidade. Ao observar os grupos isoladamente (análise intragrupo), nota-se que o GMR obteve melhora após a intervenção na QVRS: função de mão e percepção de recuperação do AVC, e também na cognição e tais melhoras se mantiveram no seguimento. Tais resultados dão suporte para a efetividade do treinamento em ambiente real. Com relação à cognição, o GMV, apresentou resultados positivos tanto após a intervenção, quanto no seguimento. Conclusão: A combinação de exercícios físicos em ambiente real e virtual (combinado) não apresentou efeitos superiores ao treinamento isolado
 

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